sábado, 23 de junho de 2012

SONETO - IV - ENXAME DE FEL

O teu perfume sabe-me a mel
mas o zumbido da abelha mestre
é o aviso do solo equestre
que derrama o enxame do fel.

O desejo que me afecta a pele
é o lacre que nasce do cipestre
e esfola o deserto campestre
com as gargalhadas da boca cruel.

Invento a noite à velha lanterna
que deprime a cama de luzerna
onde o amor é um funeral.

Nada mais resta ao fresco coral
do que os cânticos do velho imoral
que dança aos sons de quem o inferna.

Caixa das Histórias de Paula Rego, Cascais, 04/12/2009 - Jorge Brasil Mesquita. Jorge Manuel Brasil Mesquita. Recriado, em 23 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 17H06.

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