sábado, 9 de junho de 2012

DIA DEZ DE JUNHO DE 2012 - CELEBRAÇÕES

O dia dez de Junho é, antes de qualquer outra celebração de vícios, o dia de Camões. Quem terá sido Camões? Um pobre vate que, num dia atravessado pelos rudimentos da razão, se atreveu a construir uma Epopeia. Um poeta a quem meia dúzia de pindéricos ousa besuntar com elogios fúnebres, como se tratasse de um renegado da lírica lusitana. Ora se Camões é um ilustre pregador da Cultura Nacional e o dia dez é, ou deveria sê-lo, para o relembrar, o dia deveria chamar-se o Dia da Cultura Portuguesa, em que se deveria festejar, através de várias manifestações de ídole cultural, o que de melhor se faz na criação cultural portuguesa. Porém sou vilmente enganado pelos poderes públicos que transformaram o dia, num dia de agraciados. Agraciados pela graça divina de tudo serem, menos o de representarem a Cultura Portuguesa. Para o disfarçarem resolveram apelidá-la de o Dia das Comunidades Portuguesas ou qualquer outro nome pomposo, o que vai dar tudo ao mesmo, que é uma faceta jocosa de enganar os tolos e de sabotarem a figura do ilustre vate. Agraciado por um pirilampo sagrado, sugiro, que devem, para descanso das almas penadas que presidem ao dia, agraciar com uma Comenda de uma Ordem qualquer, o poeta Camões, que do seu túmulo ignorado lhes dedicaria um soneto brejeiro, como forma de agradecimento. Pobre Camões!        
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 09 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 15H06
Escrito, directamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 09 de Junho de 2012, às 15H06, e, concluído, às 15H44 do dia 09 de Junho de 2012.

ESPIRROS - V - ÓDIO

O ÓDIO É O AMOR CONVERTIDO PELA REVOLTA DO CIÚME.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 09 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 14H13.
Escrito, directamente, no blogue, no dia 09 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 14H14, e, concluído, às 14H16 do dia 09 de Junho de 2012.

LABIRINTOS - I - G

Há galões de galanteios governados pelos galantes das gáveas que as galés guardam aos graves da sua gravidade. Que gravidade?
Pareço o que não sou e sou o que não pareço.
Há gerações gulosas que giram em gotas de gozo, gotejando os gavetões dos gomos sem as gamelas da gravidade. Que gravidade?
Sou escorreito e pegajoso, colado às pegas que se pegam e aos corrimãos que me escorregam.
Há gritos nas gretas das grutas que grelham as grilhetas, gamando aos goivos que gizam às gratidões das gravatas o que germina nas goelas dos gambozinos da gravidade. Que gravidade?
Sou invisível na invisibilidade de ser visível, quando não há visibilidade. Sou o que vejo e vejo o que não sou.
Há gritos que são galos dos garrotes, gatinhando como os gatos gelatina nos gumes das guilhotinas, gravadas com as grelhas da gravidade. Que gravidade?
Sou a espera que desespera a fera que sou, quando não sou o que se espera, entre o desespero da fera que não se é e a fera que se desespera para o ser.
A grua do grotesco é a gralha que galvaniza o grosso grifo com a gordura do giz que glorifica os gingões que grasnam contra as ganâncias dos golpes da gravidade. Que gravidade?
Sou um escape que escapa às escapadelas da realidade virtual e sou virtual na virtualidade de não o ser.
Há gamos que golpeiam as grainhas dos galopes sem as guelras dos gauleses, que não sendo da Gália, são o gáudio dos garimpeiros que, em grupo de guaches, gramam a gravidade. Que gravidade?
Sou a finalidade de um fim sem ser o final de uma finalidade, porque o fim não é uma finalidade em si. É só um fim que não tem fim.
Os gemidos das giboias são a glucose das guloseimas que o gamão goleia, quando as gotículas das suas gripes giram nos Galápagos da sua gravidade. Que gravidade?
Sou uma candeeiro sem luz, na avenida das luzes. Se me acendo deixo de ver e vejo o que não devia ver. As luzes das avenidas são candeeiros que se apagam, se o meu se acende. As luzes são filhas de verdades diferentes. Luzem por luzir e não se apagam para luzir sobre o que é luz, sem o ser.

Centro Cultural de Belém, 27/12/2009 - Jorge Brasil Mesquita - 15H45. Jorge Manuel Brasil Mesquita. Recriado, em 09 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 13H23.