terça-feira, 29 de maio de 2012

ESPIRROS - III - DISSONÂNCIA

A DISSONÂNCIA DA CONSCIÊNCIA É A COERÊNCIA DO SUBCONSCIENTE.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 29 de Maio de 2012, às 18H23, na Biblioteca Nacional.
Escrito, directamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 29 de Maio de 2012, às 18H24, e, concluído, às 18H26 do dia 29 de Maio de 2012. 

CISCOS DIÁRIOS - 29 DE MAIO DE 2012

Por muito que saiba o que não sei, só saberei que sei o que não sei. São os limites desses horizontes onde o meu corpo desagua e onde os delírios do pensamento se revoltam contra a maré-baixa dos meus pudores intelectuais. Abandonei a aprendizagem de me aprender para lá do que vivi e para além do que sofro na gasolina diária do meu tanque inerte. Não se trata de inércia. Não, trata-se do tratado que assino, diariamente, para me manter vivo na especulação voluntária de me reinventar, em cada passo que escrevo, em cada nota, em que me imagino, na inocência de uma dor inevitável. Sou um sumário de raízes involuntárias, semeado ao acaso, na impertinência de uma voz que se ama. Os frutos do seu ócio, embora pareçam amargos, revelam, no instante da prova, uma doçura, essa doçura que um edílio amoroso desfruta na gestação do seu paladar. Posso parecer o que não pareço, em horas de cólera, amplificada pelos duches de independência mental e pelos arrebatamentos de violência domesticada, mas a consciência da minha consciência é vítima de uma coerência que deslimita os limites da franqueza e da honestidade para com os caroços das minhas acções. Faço, da sua prática, um oleaduto de naturezas humanas que transmite, nos seus percursos de qualidades congénitas e de argúcias diversas, os estímulos nervóticos dos seus sinónimos prazenteiros. Sabendo o que sei de tudo quanto não sei, direi que sou a subversão da minha sobrevivência.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 29 de Maio de 2012, às 16H18, na Biblioteca Nacional.
Escrito, directamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 29 de Maio de 2012, às 16H19, e, concluído, às 16H58 do dia 29 de Maio de 2012.

AFLUENTE POEMÁTICOS - XVII - O AMOR DOS NOSSOS LÍRIOS

NADA HÁ QUE SE INSIRA
NESTE OLHAR DE GEMIDOS,
NEM A BOCA QUE OS SUSPIRA,
NEM OS PÁSSAROS FERIDOS
QUE ME SUGAM PENSAMENTOS
COM AS REVOLTAS DOS VENTOS.
NESTA URGÊNCIA DE VOAR
P´RA ALÉM DA RESISTÊNCIA
QUE ME ABSORVE O SUAR
E A FEBRE DA INCLEMÊNCIA
HÁ O DRAMA DO PAVIO
QUE PERDEU O SEU ESTIO.
E SE ESTE ERRO PARTILHO
COM AS CORDAS DO DESTINO,
MAL ACENDO O RASTILHO
AOS BELOS SONS DO VIOLINO,
EIS QUE A NEVE DA BROCHURA
ME AFAGA A LONJURA.
PERDIDA A AVE DA DISTÂNCIA
E O SONO DA TRISTEZA
É DESCOBRIR A FRAGRÂNCIA
AOS PUDORES DA INCERTEZA
E ENFEITAR COM DELÍRIOS
O AMOR DOS NOSSOS LÍRIOS.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 29 de Maio de 2012, às 15H29, na Biblioteca Nacional.
Escrito, directamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 29 de Maio de 2012, às 15H30, e, concluído, às 15H59 do dia 29 de Maio de 2012.

ZIPS SONOROS - V - "DO YOU BELIEVE IN MAGIC"

Sendo velhote como sou, atravessei já muitas décadas de sons, ouvindo, aprendendo a gostar e a desprezar os que me deleitam e os que não me agradam. Sou o que se pode dizer um filho predilecto dos anos 60, onde tudo aconteceu, nasceu e morreu como as papoilas da mocidade. De entre os muios sons que a década produziu, saboreio sempre que posso, os temas refrescantes dos Lovin´ Spoonful, um dos grupos que mais me marcaram, vocabular e sonoramente. O grupo, reconheço, não tem a estatura musical, por exemplo, de uns Doors ou de uns Byrds, mas souberam reproduzir a muita da frescura que os anos 60 produziram e mataram. A história dos Spoonful é interessante porque se cruza com outro dos grupos que foram importantes, do ponto de vista do seu estilo musical, dos velhos anos 60: os Mama´s and Papa´s.John Sebastian, Zal Yanosvsky, Cass Elliot e Denny Doherty formaram os Mugwumps nos inícios dos anos 60, em Nova Iorque. Mais tarde, em 1965, John Sebastian, Zal Yanovsky, Joe Butler e Steve Boone juntaram-se e formaram os Lovin´Spoonful, enquanto Cass Elliot, Denny Doherty fundaram com John Phillips e a sua mulher Michelle Gillian, os Mama´s and Papa´s. Os Spoonful fixaram residência no famoso clube Nova Iorquino, Night Owl Cafe e, graças a isso, conseguiram um contrato com a Kama Sutra Records, gravando o seu primeiro 7", precisamente, com o tema "Do you Believe in Magic". Reconheço que esta introdução, com toda a certeza, é demasiado longa, só para consagrar um dos temas que melhor definem o som dos Spoonful e o seu compositor John Sebastian: "Do you Believe In Magic". Porém, devo afirmar, peremptoriamente, que acredito ma magia da música, quando a ouço, e dos efeitos que ela pode reproduzir no rejuvesnecimento mental de quem a souber ouvir. Com este tema, os Spoonful provaram-no, sem recorrerem a artifícios ou a romagens aos cemitérios sonoros das decadências militantes. Ouve-se, segue-se e concorda-se com o final da magia saboreada: "Believe In The Magic That Can Set You Free", ou "Do You Believe Like I Believe?".Eu creio, que neste país , nesta hora de urgências, permanentemente adiadas, eu acredito na magia que nos liberta de tudo o que nos acorrenta. Obrigado Sebastian, obrigado Lovin´. É claro, que para a juventude de hoje, o tema é uma banalidade que nada tem a ver com os sons por si consumidos: o Heavy Metal, o Rock, o Techno e os seus variantes, o Hip-Hop, o Rap, os Indies, os descendentes do Grunge, o Kunduro e todo um manancial de rótulos sonoros que servem de escape mental ao stress do seu dia a dia. Para os jovens que se interessam pelas origens de todas estas novas sonoridades, talvez encontrem algumas surpresas durante as suas pesquisas. Por mim, arrisco-me a afirmar que dos actuais sons que conheço, agradam-me os dos Editors, dos Strokes, dos Arcade Fire, dos King of Convenience, dos MGMT ("TIme To Pretend"), das senhoras Amy Macdonald, Lily Allen e Katie Melua e, muito especialmente, Andrew Bird, para além da sedutora e sexy Beth Ditto dos The Gossip, apesar da sua envergadura física. Ouçam-na e vejam-na no "Heavy Cross". Enfim, gostos estão aí para se discutirem e ouvirem. Bons sons.Biblioteca de Oeiras, 10/12/2009 - 14H34 - Lisboa, 11/12/2009 - 15H06 e 15H42. Jorge Brasil Mesquita. Jorge Manuel Brasil Mesquita. Recriado, em 29 de Maio de 2012, na Biblioteca Nacional, às 14H52.

SUORES FICCIONISTAS - I - HÁ TRINTA E UM ANOS - III

Percorri a estrada poeirenta que me separava da praia da Comporta. Encontrei as minhas amigas sentadas no alpendre do restaurante que se debruçava sobre o mar. Bebiam umas cervejolas para matarem a sede. Beijei-lhes as faces e sentei-me junto delas. Mandei vir uma cerveja. 
- Tiveste dificuldade em cá chegares? - Perguntou-me a Isa.
- Nenhumas. Os transportes foram preciosos na colaboração que me deram. 
- Pronto para montares a tenda? - Quis saber a Gina com um ar meio trocista.
- Claro! - Percebi com clareza as tonalidades provocadoras da Gina. Era a primeira vez que acampava e nunca tinha montado uma tenda. Para não dar parte de fraco, bebi a cerveja, e disse-lhes que estava pronto para o que desse e viesse. 
- O local onde estão acampadas fica longe daqui?
- Não, fica perto donde estamos. - Respondeu-me a Ana, sossegando-me o cansaço que dava muito nas vistas.
Pagámos a cervejas, levantámo-nos e dirigimo-nos para o lugar que elas tinham escolhido para acampar. Ficava junto à praia. Coloquei a mochila na areia e, dela, retirei tudo o que era necessário para montar a tenda.
- Tens a certeza que não precisas de ajuda, Necas? - Perguntou a Isa, percebendo, à vista desarmada, todas dificuldades que iria ter.
- Não, de maneira nenhuma!
Estendi a base na areia, enterrei os pregos com as cordas e levantei o resto da tenda com as varas que a sustinham. O resultado degenerou em trapalhada, pois não havia maneira de a tenda se manter em pé. As minhas amigas riam-se, em silêncio, até que a Isa me perguntou se tinha trazido um martelo e se não era bem melhor que todas me ajudassem. Remoendo as minhas reticências, agradeci-lhes a ajuda, e, como bem depressa percebi, era fácil montar a tenda. Compreendi que a minha inexperiência teria merecido, desde o início, outro tipo de atitude, outra razoabilidade da minha parte, em encarar o facto de que há sempre uma primeira vez para tudo, há que aprender a desnudar a ignorância. Montada a tenda, a Ana, olhando para o relógio, informou-nos que os nossos estômagos careciam de ser alimentados. Nem disso me lembrara quando parti a caminho da praia. Aguardava-me uma surpresa...              
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 29 de Maio de 2012, às 13H49, na Biblioteca Nacional.
Escrito, directamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 29 de Maio de 2012, às 13H50, e, concluído, às 14H37 do dia 29 de Maio de 2012.

CRITICARTE - V - ITALO CALVINO

Quando me lanço à leitura de certos escritores, sou, geralmente, atiçado pelos princípios dos estímulos sensoriais que se agitam no meu interior, provocados pelos seus actos de criação literária. Italo Calvino, confesso, foi paixão à primeira vista. Italo Calvino nasceu em Santiago de las Vegas, Cuba, no ano de 1923 e faleceu em Siena, Itália, em 1985. Sendo italiano, permaneceu em Itália quase toda a sua vida, com a excepção dos 13 anos vividos em Paris, França.Estudou em San Remo até aos 20 anos, incorporando-se na resistência contra o fascismo e contra a ocupação nazi, aderindo ao Partido Comunista Italiano que abandonou, a quando da insurreição húngara. Instalou-se em Turim, após a II Grande Guerra Mundial e ingressou na editora Einaudio, aproveitando para se licenciar em Letras e ocupando o lugar de consultor literário da mesma editora.Na temática das suas criações literárias pode-se encontrar a coexistência do realismo com a fantasia, dando vida a uma realidade transfigurada.De todas as suas obras, seduziram-me, além da trilogia "Os Nossos Antepassados", composta pelo "Visconde Cortado ao Meio" de 1952, "O Barão Trepador" de 1957 e o "Cavaleiro Inexistente" de 1959, os livros "Cosmicómicas" de 1965, "As Cidades Invisíveis" de 1972 e "Palomar" de 1983.Como aperitivo literário, apresentarei pequenos resumos e alguns excertos de alguns dos livros mencionados."O Visconde Cortado ao Meio": um clássico da literatura fantástica em que o real e o imaginário se fundem numa unidade perfeita. A fantasia, a fábula, a ironia são um desafio contínuo à frieza inumana do mundo moderno."Não há noites de lua em que, nos animais perversos, as ideias pérfidas não se enredam como ninhadas de serpentes e em que, os animais bondosos, não floresçam lírios de renúncia e dedicação. Deste modo, as duas metades de Medardo vagueavam atormentadas por diferentes e opostos propósitos pelos despenhadeiros de Terralba.""Cosmicómicas": Qfwfq, protagonista do livro conta as suas aventuras nas épocas mais remotas da história cosmológica, astronómica, geológica e biológica, afirmado ter sido testemunha ocular de todos os conhecimentos ocorridos desde o Big Bang."E no fundo em cada um dos olhos habitava eu, ou seja, habitava outro eu, uma das imagens de mim e encontrava-me com a imagem dela, no ultramundo que se abre ao atravessar a esfera semi-líquida das íris, o escuro das pupilas, o palácio dos espelhos das retinas, o nosso verdadeiro elemento que se estende sem margens nem confins.""Palomar": será possível encontrarmos um sentido nas coisas do mundo à nossa volta? E dentro de nós próprios? O Sr. Palomar está muito longe de ter a certeza quanto a tudo isso. Todavia, continua à procura. O Sr. Palomar é sem dúvida o autor, mas não só. Somos todos nós os leitores deste livro."O Sr. Palomar caminha ao longo de uma praia solitária. Encontra poucos banhistas. Uma mulher jovem está estendida na areia, apanhando sol com os seios descobertos. Palomar, homem discreto, volve o seu olhar para o horizonte marinho. Sabe que em semelhantes circunstâncias quando um desconhecido se aproxima, as mulheres, geralmente, apressam a cobrir-se e isso não lhe parece bem; porque é aborrecido para a banhista que apanha sol tranquilamente; porque o homem que passa importuna; porque o tabu da nudez fica implicitamente confirmado; porque as convenções não inteiramente respeitadas propagam a insegurança e a incoerência no comportamento, em vez da liberdade e da fraqueza."A conversa entre mim e o escritor Italo Calvino, talvez tenha sido longa demais, mas foi concerteza saborosa para quem apreciar leituras que estimulem os navios que nunca naufragam porque conhecem bem as rotas que traçaram.Biblioteca de Oeiras, 03/12/2009 - Jorge Manuel Brasil Mesquita. Recriado, em 29 de Maio de 2012, na Biblioteca Nacional,às 13H37.

ESPIRROS - II - COMICHÃO

A COMICHÃO QUE AS DORES HUMANAS CAUSAM, É A OFERTA GRACIOSA DAS CÓCEGAS POLÍTICAS COM QUE OS POLÍTICOS SE DISFARÇAM PARA DELA TIRAREM O MÁXIMO PROVEITO.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 29 de Maio de 2012, às 13H21, na Biblioteca Nacional.
Escrito, directamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 29 de Maio de 2012, às 13H22, e, concluído, às 13h29 DO DIA 29 DE mAIO DE 2012.