quarta-feira, 23 de maio de 2012

AFLUENTES POEMÁTICOS - XIII - BARRO LUARENTO

REMO NA RAIVA DO OLHAR
COM PALAVRAS DE PENÚRIA
E ESCUTO NO PULSAR
DE UMA IMENSA FÚRIA
AS GARGANTAS DA CORAGEM
QUE, EM CANTOS DE SEGREDO,
SACODEM ESSA VORAGEM
QUE, EM NOME DO DEGREDO,
ALCATROA A SOLIDÃO
COM PAISAGENS DE PORÃO.
MAS EM TUDO O QUE TREME
HÁ ESSAS VIDAS SEM LEME,
HÁ ESSES CORPOS DE VENTO
E O RASGAR DO PENSAMENTO
QUE LHES LAVA O ALENTO 
CO´A VOZ DO BARRO LUARENTO.
E EIS QUE ESCAVAM, AMANTES,
OS FUTUROS DILETANTES.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 23 de Maio de 2012, às 17H50.
Escrito, directamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 23 de Maio de 2012, às 17H51, e, concluído, às 18h20 do dia 23 de Maio de 2012.

CISCOS DIÁRIOS - 23 DE MAIO DE 2012

Dia após dia, cresço por fora e diminuo por dentro. O cerco das palavras, que era intenso e denso nas galochas dos meus espaços interiores, vai-se relaxando e, eu, sem querer, vou-me perdendo nos labirintos do seu bosque que, embora frondoso, se vai cerrando, encerrando-me na catástrofe dos seus limites. A memória dos seus trilhos infatigáveis vão sendo riscados, pouco a pouco, pela cegueira incrédula deste envelhecer que modela o equilíbrio da espontaneidade com as mãos calosas do inverno que não perdoa os afectos do seu tempo. Amigo destes colapsos diários, abraço tudo o que posso com esse desejo, quasi fanático, de nada perder à visibilidade do meu quotidiano. O espantalho dos seus campos mitigados assustam-se com a impertinência da minha frontalidade ante o desespero da sua inutilidade. Esta é a luta diária do meu cérebro que, nas espigas da criação, floresce, por inteiro, nas rotas do seu futuro precário. Sou a tempestade da bonança na caverna da esperança, esse saber de não ser, sendo, tudo o que se pesa na balança da boa temperança. 
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 23 de Maio de 2012, às 13H35, na Biblioteca Nacional.
Escrito, directamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 23 de Maio, às 13H36, e, concluído, às 14H24 do dia 23 de Maio de 2012.

MEMÓRIAS SONORAS - I - ROSA DE HIROSHIMA

Quando a história assalta e revista a memória, encontra algumas pérolas musicais que recordam acontecimentos fundamentais que pertencem ao percurso da Humanidade. “Rosa de Hiroshima” é uma pérola sonora inesquecível, com um poeminho lindíssimo do poeta Vinicius de Moraes e música de Gerson Conrad. O tema vinha incluído no primeiro álbum do grupo brasileiro Secos e Molhados, formados por Ney Matogrosso na voz, João Ricardo nos violões, harmónica e voz, Gerson Conrad em violões e voz e Marcelo Frias na bateria e em percussão. “Rosa de Hiroshima” relembra o lançamento e as consequências da bomba atómica americana sobre a cidade de Hiroshima em 06/08/1945.
Aqui ficam o poema e o local do vídeo no You Tube.

www.youtube.com/watch?v=mrJgYwIlG0Y.

Rosa de Hiroshima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
Vinicius de Moraes/ Gerson Conrad

Jorge Manuel Brasil Mesquita
Recriado, em 23 de Maio de 2012, às 13H08, na Biblioteca Nacional.