segunda-feira, 25 de junho de 2012

MINIATURAS - X

A HISTÓRIA NÃO SE REPETE, SÓ OS SEUS IDIOMAS, LINFÁTICOS E ENFÁTICOS.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 25 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 15H53.
Escrito, directamente, no blogue, no dia 25 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 15H54.

AFLUENTES POEMÁTICOS - XXIII - OLHOS DE CAMPINA

OS TEUS OLHOS DE CAMPINA
SÃO A ÁGUA DOCE DO LUAR
QUE A BELEZA DA RAPINA
ROUBA AOS BRAÇOS DO MAR
PARA QUE A FONTE DO VENTO
ASSOMBRE AS ASAS DO ALENTO
COM OS MOINHOS DO AMOR
MOENDO AO TRIGO DA DOR
AS BAGAS LOUCAS DA COR
E OS AROMAS DO VENENO
QUE, PLENAS DE DOCE CHEIRO,
PINTAM AO RUBOR AMENO
A AMARGURA DO VELEIRO
QUE SEM PORTO DE ABRIGO
É A BOCA DO CASTIGO
QUE SE BEIJA À DISTÂNCIA
ESCRAVA DA FRAGRÂNCIA
E FAMINTA DA RECUSA
QUE O SEU CORPO DE MEDUSA
ALIMENTA COM A FOME
QUE O PRAZER NÃO CONSOME
POR REVELAR AO TORMENTO
OS SILÊNCIOS DA IDADE
E A MORTE DA VERDADE
QUE ATRAVESSA TODO O SER
SEM A ARTE DE A MORDER
COM O GRITO DA FERIDA
QUE A TODOS PRENDE À VIDA.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 25 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 14H46.
Escrito, directamente, no blogue, no dia 25 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 14H47, e, concluído, às 15H42 do dia 25 de Junho de 2012.

MOLICEIRO DE FANTASIAS

Olá amor da minha distância.
Às vezes, sou um moliceiro vogando nas fantasias românticas de memórias aveirenses que se esvaem no bulício das Feiras de Março, lá pelas horas do almoço, entre a última aula da manhã e a primeira aula da tarde, do Liceu de Aveiro. Outras vezes, relembro com um certo rebuliço de saudades, as viagens do Lérias, o cavalo a vapor do Ramal do Vouga, que me largava na Estação de Aveiro, cheinha de barricas de ovos e que assistia à revoada dos pardalitos estudantis que seguiam, a pé, pela Avenida até ao Liceu. Verdadeiras aventuras de delírios adolescentes. Já fui de Aveiro; hoje, não sei bem donde sou. Sou um pardalito sem pouso certo, mas sabem-me bem estes voos inesperados, onde vejo o que não via e onde quero o que não queria. Eis que assim pude observar, neste Centro Cultural, um quadro que muito apreciei: "Daqui Lavei As Minhas Mãos", de um pintor que não conhecia, Nuno Viegas, e de quem me tornei admirador. Como podes imaginar, estou aí e estou aqui. Como moliceiro rego-me de palavras doces, como Lérias, fujo ao tempo e encontro a riqueza das palavras breves que definem os actos que se arrumam nas prateleiras dos sentimentos que devoram distâncias e semeiam as ilusões da vida que é o fogo do momento.
Os sentidos não reconhecem distâncias, mas as distâncias reconhecem nos sentidos, os moliceiros da vida, os Lérias dos carvões em brasa. Somos passageiros sem passagens marcadas nesta viagem de pouca terra, pouca terra. Pouca terra, distância à vista, entre a liberdade de ser moliço e de ser brasa, em brasa. As palavras são o cavalo a vapor do nosso moliceiro.
Centro Cultural de Belém, 08/12/2009 - 15H58 - Jorge Brasil Mesquita
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Recriado, em 25 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 14H38.

CRITICARTE - XVI - SOMERSET MAUGHAM

O que acontece a um homem ao descobrir, que, ainda, não descobriu qual é o seu verdadeiro caminho no Mundo que nunca o descobriu? De quanto tempo precisará ele para fugir de si próprio, até compreender que o ponto de encontro é o mesmo que o lugar do desencontro? Eis o valor do tempo no percurso de uma viagem sem preço.
Este preâmbulo relaciona-se com o escritor e o livro que serão a razão deste amontoado de palavras.
O escritor inglês William Somerset Maugham nasceu em Paris, em 1874 e faleceu em Saint-Jean-Cap-Ferrat, em 1965. O escritor fez os seus estudos na King´s School, em Canterbury, Inglaterra, na universidade alemã ocidental de Heidelberg e exerceu medicina no hospital de St. Thomas, tornando-se pela vida fora num viajante inveterado.
A sua primeira obra, “Liza, a Pecadora” foi escrita em 1897 e um dos seus mais famosos livros “A Servidão Humana”, em 1915. Somerset Maugham possuía um “talento de narrador e paisagista, o sentido penetrante da caracterização psicológica e a arte incomparável da dramatização.” Todos estes ingredientes de escrita se encontram no livro “O Fio da Navalha” de 1944. Para esboçar o conteúdo do livro, que melhor pena, senão a do próprio escritor, que escreve na sua introdução: “nunca senti maior apreensão ao começar um romance. E se digo romance é por não saber que outro nome lhe dê. Não tem grande enredo, não acaba com morte ou casamento. Este livro consiste das recordações que tenho de um homem com quem, em épocas muito espaçadas, tive íntimo contacto; mas pouco sei do que lhe aconteceu nos intervalos. Creio que recorrendo à imaginação, poderia preencher plausivelmente as lacunas e tornar mais coerente a minha narrativa, mas a tal não me sinto atraído. Quero unicamente relatar factos de que tenho conhecimento.”
Pelo “O Fio da Navalha” passam muitas das palavras que nos perguntam, respondem ou nos deixam vazios, durante os jogos da vida que vivemos.
Oeiras, 21/10/2009 – Jorge Brasil Mesquita

Jorge Manuel Brasil Mesquita
Recriado, em 25 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 14H27.

MEMÓRIAS SONORAS - XIV - "JACQUES DERRIDA"

Em 1978, na cidade de Leeds, UK, três estudantes de Arte, Tom Morley, Nial Jenki e Green Strohmeyer Gartside formaram o grupo musical Scritti Politti, cujo nome foi extraído dos escritos do fundador do Partido Comunista Italiano (PCI), António Gramsci (1891 – 1937). O grupo girava, essencialmente, à volta de Green (ex-jovem comunista), compositor do seu reportório. Green era um ferveroso adepto do Do It Yourself (DIY). O DIY consistiu numa espécie de movimento, iniciado no final da década de 70 e no início da de 80, visando autopromover a edição e a promoção de cassetes e discos de 7” de grupos e interpretes de uma forma independente, isto é, fora do circuito das grandes editoras, originando o aparecimento das editoras independentes, mais conhecidas por Indies. O primeiro single editado pelos Scritti Politti, “Skanc Blog Bologna”, apareceu na sua editora St. Pancras. O single viria a ser editado em 1979 pela editora independente Rough Trade, alinhada com os ideais do Labour. De 1979 a 1981, o grupo, além de proceder a algumas alterações dos seus elementos, refinou o seu estilo musical através de uma fusão de Soul, Jazz, Pop e Reggae, da qual resultaram os temas “The Sweetest Girl” de 1981, “Faithless”, “Asylums In Jerusalem” e do álbum “Songs To Remember” todos de 1982. além da evolução musical, as letras das composições reflectiram a evolução do pensamento de Green, grandemente influenciado pelo filósofo francês Jacques Derrida (1930 – 2004) que foi o introdutor do Descontrutivismo que, em síntese, é um processo de decomposição de um texto, com o objectivo de lhe encontrar sentidos ocultos. O Deconstrutivismo foi elaborado a partir da teoria da Fenomenologia Pura e da Ciência da Essência do filósofo alemão Edmund Husserl (1859 – 1938) e da reflexão do poeta francês Stephane Mallarmé (1842 – 1898), sobre a escrita e a interpretação do filósofo alemão Martin Heidegger (1889 – 1976), realizada pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) que escreveu “Cultura de Energia Vital” e “Vontade de Poder”.
Foi no lado B do 7” “Asylums In Jerusalem e no álbum “Songs To Remember” que Green incluiu a sua composição “Jacques Derrida”, dedicada ao filósofo francês e que é a memória sonora de hoje.

www.youtube.com/watch?v=_h6oC3bQ4Cw

Scritti Politti - Jacques Derrida Lyrics

I'm in love with the bossonova
He's the one with the cashanova
I'm in love with his heart of steel
I'm in love
I'm in love with the bossonova
He's the one with the cashanova
I'm in love with his heart of steel
I'm in love

How come no-one ever told me
Who I'm working for
Down among the rich men baby
And the poor

Here comes love forever
And it's here comes love for no-one
Oh here comes love for Marilyn
And it's oh my baby oh-oh my baby
What you gonna do?
In the reason - in the rain

Still support the revolution

I want it I want it I want that too
B'baby B'baby it's up to you
To find out somethin' that you need to do
Because

I'm in love with a Jacques Derrida
Read a page and know what I need to
Take apart my baby's heart
I'm in love
I'm in love with a Jacques Derrida
Read a page and know what I need to
Take apart my baby's heart
I'm in love

To err is to be human
To forgive is too divine
I was like an industry
Depressed and in decline

Here comes love for ever
And it's here comes love for no-one
Oh here comes love for Marilyn
And it's oh my baby oh my baby
What you gonna do?
In the reason - in the rain

Still support the revolution

I want it I want it I want that too
B'baby B'baby it's up to you
To find out somethin' that you need to do
Because

Oh I'm in love with bop sh'dayo
Out of Camden Town for a day - oh
I'm in love with just gettin' away
I'm in love
Oh I'm in love with militante
Reads Unita and reads Avanti
I'm in love with her heart of steel
I'm in love

He held it like a cigarette
Behind a squadee's back
He held it so he hid its length
And so he hid its lack - oh
An' it seems so very sad
(all right!)

Well I want better than you can give
But then I'll take whatever you got
Cos I'm a grand libertine with the
Kinda demeanour to overthrow the lot
I said rapacious
Rapacious you can never satiate
(ate what?!) desire is so voracious
I wanna eat your nation state

I got incentive that you can't handle
I got the needs you can't assuage
I got demands you can't meet
'n' stay on your feet
I want more than your living wage

Well I want better than you can give
But then I'll take whatever you got
Cos I'm a grand libertine with the
Kinda demeanour to overthrow the lot
I said rapacious
Rapacious you can never satiate
(ate what?!) desire is so voracious
I wanna eat your nation state.

Green Strohmeyer GartsideJorge Brasil Mesquita
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Recriado, em 25 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 14H15.