quarta-feira, 9 de maio de 2012

ZIPS SONOROS - III - "WOODSTOCK"

E aqui vai o terceiro e último zip de hoje. Vivia-se o ano de 1969, nos Estados Unidos da America, onde imperava a luta contra a guerra do Vietnam e o movimento Hippy atingia o seu ponto culminante, em Woodstock, na quinta do Senhor Yasgur. Aí se assistiu a um dos grandes concertos de música popular pontuado por grandes actuações, enquanto a enorme assistência se amava livremente, fumava o que bem lhes apetecia, e, acompanhava, dançando, as músicas que vibravam no palco. Este zip dá pelo nome de "Woodstock", composto, para a ocasião, por essa grande senhora da música popular que dá pelo nome de Joni Mitchell. Dela, houve várias versões: a dela própria, a dos Crosby, Stills, Nash and Young e a dos Mathews Southern Comfort. Qualquer uma delas é uma excelente interpretação. Contudo, a minha escolha recai na versão dos Mathews por ser aquela que mais se aproxima do encantamento a que assistiu no famoso Festival. Um som fluído, levemente folky, country e, ligeiramente, açucarado, que nos impele, quasi imperceptivelmente, a nos envolvermos, musicalmente, fisicamente, e, instintivamente, trautearmos a letra do tema que é, no fundo, a descrição sumária do acontecimento. Recomendo  que ouçam as três versões. No final, a escolha é vossa. E pronto, assim se fecharam os zips de hoje, sem dúvida, com a sua chave de ouro.    
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 09 de Maio de 2012, na Biblioteca Nacional, às 17H54.
Escrito, diretamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 09 de Maio de 2012, às 17H55, e, concluído, às 18H19 do dia 09 de Maio de 2012.

CISCOS DIÁRIOS - 09 DE MAIO DE 2012

Lá fora, o Sol brilha. Aqui, na Biblioteca, desconheço o desconhecimento dos conhecimentos que se organizam, em labirintos, nas camuflagens do meu deserto encefálico. Sinto uma necessidade tola de me rir, ao colocar-me diante de um espelho imaginário. Cebolas de medo? Que olhar tão despiciendo. Que boca tão sedenta, não sei bem de quê. Esgrimir factos com a frontalidade das dúvidas, desancar, em quem merece, por desconhecer as raízes dos problemas inevitáveis,  ironizar com comentários que se celebram como se fossem um modelo de racionalidades irracionais; não chocalhar argumentos que silenciam a sinceridade dos actos que se profanam como quem degusta ilacções imprudentes e viciadas pela invisualidade dos seus efeitos. O desgosto da impopularidade, ávida da popularidade, é um gosto que salivo com os dentes da raiva por quem não merece qualquer fatia de estima neste desconcerto de favas contadas pelos dedos da inépcia. Lá fora, o Sol brilha. Cá dentro, mastigo essa espécie de bolor que se vende às reticências do porvir, suporto sem calafrios, sem repelões, a incompreensão dos que só compreendem os ditados da sua unicidade vocal, amesquinhando as paisagens dos sonhos em que navegam todos aqueles que anseiam pelo ar puro da sua natureza. Bicadas há, que, apenas, atingem quem as dá. Revelam ignorância, são filhas de Belzebu, às portas do paraíso, simuladando  e clamando pela inocência que a dureza da vida tem demonstrado que são notícias de invalidez verbal. Lá fora, o Sol brilha. Paz à sua alma. 
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 09 de Maio de 2012, na Biblioteca Nacional, às 16H44.
Escrito, diretamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 09 de Maio de 2012, às 16H45, e, concluído, às 17H33 do dia 09 de Maio de 2012.

ZIPS SONOROS - II - "SAN FRANCISCO"

Abre-se o segundo Zip Sonoro de hoje, e, dele, salta uma das mais famosas composições do movimento hippy,  "San Francisco", composta por John Phillips, que integrava o grupo Mama´s and Papa´s, e interpretada por Scott McKenzie. A canção, que é de uma simplicidade contagiante, glorificava a cidade de San Francisco como o centro do seu movimento que tinha como slogan, "Make Love, Not War". Mas San Francisco não se limitava a ser, apenas, o epicentro dos hippies, era, igualmente, um importante vulcão cultural que tinha as suas origens na Beat Generation. De todo este caldeirão artistico nasceu o chamado San Francisco Sound do qual faziam parte bandas como as dos Jefferson Airplane, os Grateful Dead, os Quicksilver Messenger Service, entre muitos outros que a ele se associaram, sonoramente.  "San Francisco" acaba por ser um hino dedicado à paz e à Humanidade.   
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 09 de Maio, na Biblioteca Nacional, às 15H43.
Escrito, diretamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 09 de Maio de 2012, às 15H44, e, concluído, às 16H11 do dia 09 de Maio de 2012.

SUORES FICCIONISTAS - I - HÁ TRINTA E UM ANOS - II

1981. Finais de Julho. Saí cedo de casa, transportando às costas uma mochila com tudo o que era necessário para acampar. Despedi-me dos meus pais, rumei à estação de comboios e apanhei o primeiro que passou, até ao Cais do Sodré. Depois, apanhei o ferry-boat para Cacilhas, e, quasi sem respirar, apanhei o autocarro para Setúbal. Da estação de camionagem, já, em Setúbal, apontei os meus passos para o terminal dos ferry-boats, um dos quais me levou até Troia. Deliciei-me com a vista, enquanto os meus pensamentos se reuniam à volta de uma fogueira, contemplando o silêncio, e mascando as delícias de um céu estrelado que, aos meus olhos, se assemelhavam a um manjar de deuses. Sentia no corpo essa ansiedade juvenil da descoberta do novo, da experiência que se prova, pela primeira vez, e se goza, de antecipação, o consumo extasiado de um dos sumos da vida. Vibrei com as brincadeiras dos golfinhos e, neles vi, a poesia da natureza. Finalmente, cheguei a Tróia. Abandonei o ferry. Descalcei as sapatilhas. Os pés estavam inchados, desejando ardentemente sentir a doce suavidade do ar livre. Apanhei o autocarro que me levaria ao meu destino: a praia da Comporta, aonde me iria encontrar com três amigas, a Isa, a Gina e a Ana. Desci, mesmo junto à estrada que me levaria à praia, ao ponto de encontro. O coração vibrava, os pensamentos enrolavam-se como uma vulgar onda do mar.         
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 09 de Maio de 2012, às 14H34.
Escrito, diretamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 09 de Maio de 2012, às 14H35 e, concluído, às 15H10 do dia 09 de Maio de 2012.

ZIPS SONOROS - I - "EVE OF DESTRUCTION"

Por cada Zip que se abre, uma fonte infinita de sons jorra como pepitas de ouro nas gargantas do tempo.
Estes três primeiro zips que ocuparão este espaço, abrem-se e fecham-se com relativa rapidez. São três memórias que de um certo modo se encontram ligadas por factos que se enquadram na história da música popular e na História dos Estados Unidos.
A primeira das composições,  "Eve of Destruction", viu a luz do dia,  em 1965, e coincidiu com o início da intervenção Estado-Unidense no Vietnam. O tema aborda de uma forma directa o sentimento de angústias e desesperos que se viviam na época da chamada "guerra fria". O conteúdo global dos seus versos é superiormente interpretado pela voz rouca e angustiada de Barry McGuire que oferece, à dimensão da composição, de P.F. Sloan, o estatuto de uma memória incontornável nas pérolas de conteúdo político-social. Para, Barry McGuire, o tema foi o grande marco da sua carreira.  Ouçam o tema, e leiam, ao mesmo tempo, os versos de P.F. Sloan. 
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, no dia 28 de Abril de 2012.
Escrito, diretamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 09 de Maio de 2014, às 14H04.