quinta-feira, 17 de maio de 2012

ZIPS SONOROS - IV - "BLINDING BY THE LIGHT"

Abro o Zip. Escavo, em profundidade, a memória dos sons. Encontro o ano de 1976. A composição escolhida dá pelo nome de "Blinding By The Light", interpretada pelos Manfred Mann Earth Band. O autor do tema: Bruce Springsteen. Recuemos um pouco mais nas escavações. Estamos, em 1962, ano em que o Sul-Africano Manfred Mann forma, em Inglaterra, a Mann-Hugg Blues Band, inseridos no revivalismo dos blues britânicos. Desejosos de alcançarem fama e proveito transformam-se nos Manfred Mann e enveredam pelo Pop. Depois de dois flops, gravam "54321" que os lançará, defenitivamente, na estrada memorável da música popular dos anos sessenta. Contudo, não é meu propósito rever toda a sua carreira, mas sim realçar a importância do grupo em gravar temas de Bob Dylan. Fizeram-no de uma forma requintada. Temas como "If you Gotta Go, Go Now", "With God On Our Side" e, muito especialmente, "Just Like a Woman", que mereceu um comentário elogioso de Dylan. Foi esta capacidade que Mann tinha de recriar temas de outros autores que, em 1976, a sua nova banda, batizada de Manfred Mann Earth Band, converteu numa preciosidade histórica o tema "Blinding By The Light", garantindo um reconhecimento a Bruce Sprigsteen que, até então, não passava de um ilustre desconhecido. Confesso que foi ela que me levou a descobrir os dois primeiros e notáveis albuns de Bruce. Mas, igualmente, confesso, que prefiro a versão dos Mann, à de Springsteen. O tema é uma cavalgada sonora muito ao jeito de Bruce e é, excelentemente interpretada por Chris Thompson, tema onde as aliterações formam uma espécie de puzzle temático e, o seu conteúdo, um manifesto urbano. Nunca me canso de a ouvir sempre que posso. Façam o mesmo, mas ouçam as duas versões. Optem pela que vos agradar mais. E pronto, escavação feita, zip fechado.      
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 17 de Maio de 2012, na Biblioteca Nacional, às 17H07.
Escrito, directamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 17 de Maio de 2012, às 17H08, e, concluído, às 17H49 do dia 17 de Maio de 2012.

CISCOS DIÁRIOS - 17 DE MAIO DE 2012

Ao olhar para o quadro negro e digitalizado da minha vida corrente, descubro, nas imagens que o giz branco da virgindade desenha, a ausência do sol afectivo e a presença feminina de uma lua que me descreve, com detalhe, os pormenores de uma respiração engelhada e a tecelagem das dúvidas permanentes. A vida que me corre nas veias é um suspensório de ideias, segurando as calças dos seus movimentos para que não caia na tentação de fugir aos bolsos dos seus segredos. Penso, logo existo. Aonde e porquê? A longevidade é curta e banal, se me recolher à matéria recôndita de uma pulsação, elástica e irregular, que traduz, nos concertos da sua evolução, a traição de um instinto prededor. Se me despojo da realidade para inventar diálogos íntimos de fertilidade humana, concluo, sem demonstrar infidelidades à Humanidade, que rodeio ambiguidades de natureza lógica, vasculhando, no mais profundo do meu ser, a razão da existência e a mesquinhez de uma essência pastoril que se orienta pela linguagem cerrada do seu pastor. As metamorfoses que insemino nas palavras que apascento, desenvolvem conceitos de espontaneidades que me cultivam a imaginação e me ferem com o poder da crítica, desconhecendo, eu, quais as consequências das suas culturas extensivas. Reformado pela polivalência dos costumes, habito esta pertinência de estar vivo onde nem sequer a Morte janta, sem desconhecer que, um momento haverá, em que  lá virá o ponto final da sua prosa poética.     
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 17 de Maio de 2012, na Biblioteca Nacional, às 15H15.
Escrito, directamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 17 de Maio de 2012, às 15H16, e, concluído, às 16H14 do dia 17 de Maio de 2012.

CANÇÃO - VII - SOPINHAS DE GORGULHO

ACABEMOS COM O ORGULHO
E SEMEEMOS O BANDULHO
COM SOPINHAS DE GORGULHO
E PENINHAS DE FEIJÕES
QUE LARGADAS EM SERMÕES
SÃO O GOSTO DE MILHÕES.

DIZIAM QUE TINHAM PLANOS
P´RA NOS TIRAREM DO CAOS.
DEPOIS DE ANOS APÓS ANOS
RESTA A SEITA DOS MAU-MAUS
E A RECEITA DOS SICRANOS
QUE NOS TORNARÁ INSANOS.

RASPE-SE O FUNDO AO TACHO
MAS SE NELE NADA ACHO
É LIMPAR-SE O PENACHO
A QUEM USA AS HOSSANAS
E LANCEMO-NOS COM GANAS
ÀS VORAGENS DOS SEUS TANAS.

DIZIAM QUE TINHAM PLANOS...

ACABEMOS CO´O PALEIO
E OS BIGODES DO RECEIO
AOS ASTUTOS DO RECHEIO
QUE PRESCREVEM A EMENTA
CO´AS GARGANTAS DA PIMENTA
E AS FINTAS DA TORMENTA.

DIZIAM ELES QUE TINHAM PLANOS...

ACABEMOS COM O RANÇO
QUE NOS BARALHA A PANÇA
E O BICO DO BICHO MANSO
QUE SE ABRE E AVANÇA
PARA ASCENDER À GRAÇA
DE SER O PODER DA TRAÇA.

E DIZIAM ELES QUE TINHAM PLANOS...
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, ontem à noite, em casa, às 22H30, sob a influência da música dos Steely Dan.
Escrito e continuado, directamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 17 de Maio de 2012, às 12H58, e, concluída, às