segunda-feira, 30 de abril de 2012

CISCOS DIÁRIOS - 30 DE ABRIL DE 2012

Abril acabou. A fonte dos meus olhos secou. Ouço uma frase solta, "nós ainda aqui estamos". Os velhacos nunca acabam. Resistem, ciclicamente, à queda outonal das folhas que representam a farsa teatral do seu palco anestesiante. No meu corpo não há prazer, nem dor. Sou uma bóia no cemitério das palavras. Resisto, porque me reinvento, diariamente, na sucursal dos mudos e dos medos que proliferam no reino da opacidade. Gosto de escrever, tal como admiro o amanhecer e o anoitecer e, entre cada uma das suas faces, espalho o meu tédio pelas leituras do acaso, pelas sombras que a cidade espalha, como cinzas, pelos afluentes dos seus sonhos. Água doce, olhares salgados. Murmúrios que a noite engole tal como o camaleão fisga o mosquito na multiplicidade das suas cores fictícias. A ficção diária não é fictícia, é o consumo publicitário da vida que se vive. Triste ou feliz. Ser ou não ser. Uma simples equação matemática da existência celular. Fecho os olhos e sigo o rumo da minha objectividade. Sou mais um dia. Nada mais. 
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, no dia 30 de Abril de 2012, às 14H43.
Escrito, diretamente, no blogue, no dia 30 de Abril de 2012, às 17H05 e concluído, às 17h35 do dia 30 de Abril de 2012.