quarta-feira, 4 de julho de 2012

AFLUENTES POEMÁTICOS - XXV - MURAL

NO SILÊNCIO QUE SE ADORA
HÁ PRISÕES DE ASFALTO
QUE ATRAVESSAM A HORA
COM O RISO DE QUEM CHORA
E A FEBRE DE UM ASSALTO
À SOLIDÃO QUE RESVALA
ENTRE A DOR QUE TUDO EMBALA
E A CORTE DA AGONIA
QUE EM TUDO FANTASIA.
SÃO AS JORNAS DO DESTINO
NAS OLHEIRAS DOS AFAGOS
ESSES CÂNTICOS SEM TINO
QUE ROMPEM VAGAS E BAGOS
ÀS GARGANTAS DO SEGREDO
E ÀS CAMAS DO DEGREDO.
NO SILÊNCIO QUE DEVORA
A ESPERA DA ESPERANÇA
HÁ UM AMOR QUE NAMORA
A TRISTEZA DE QUEM DANÇA
E O FUTURO DA CORAGEM
NA PINTURA DA MENSAGEM
QUE SE ABRAÇA AO MURAL
DO FASCÍNIO MAIS CARNAL.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado e escrito, directamente, no blogue, em 04 de Julho de 2012, na Biblioteca Nacional, entre as 16H17 e as 16H51 do dia 04 de Julho de 2012.

CRITICARTE - XVIII - "OS COMBOIOS VÃO PARA O PURGATÓRIO"

Um escritor é tanto mais suculento quanto maior for a sua capacidade de transformar em um delírio contínuo o sumo ritmado da sua prosa musculada. Um breve comentário introdutório para, resumidamente, abordar um livro que encantou a minha sensibilidade: "Os Comboios Vão para o Purgatório", de Hernán Rivera Letelier. Um comboio atravessa as entranhas do deserto de Atacama, no Chile, levando no seu interior uma multidão de sabores, um mercado de emoções e de paixões que se vão criando e desenvolvendo ao longo de uma viagem cujo destino é a ignorância de um futuro ausente. Leitura iniciada e, passageiros do comboio, percorremos, quasi sem fôlego, o cordão umbilical da sua viagem. Um belo livro!  
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado e escrito, directamente, no blogue, em 04 de Julho de 2012, na Biblioteca Nacional, entre as 15H05 e as 15H22 do dia 04 de Julho de 2012.

FALTA DE APETITE

Hoje, falta-me, em apetite, o que me sobra em desleixo escriturário. Os meus olhos são os chips secretos do que escrevo e do que transmito para que outros olhos de leitura automática se esquivem à consulta de um original que preza os castiçais da sua castidade. Quero lá saber que os apetites sejam como o azeite que vêem à tona da água para demonstrar a veracidade aos que conjuram as mentiras do seu suporte. A escrita é um recreio onde brincam as palavras dos jogos que me aliviam o stress humanístico de uma reforma fisgada pelas ondas da austeridade. Escrevo porque me apetece. Descanso os verbos para que os adjectivos não tenham substantivos. É um carrocel de identidades argutas que distendem os seus augustos abraços por todos aqueles que se atrevem a escapar às manipulações que outros subscrevem de uma forma despudorada. O eldorado de uns é a ruína de outros, facto que todos estimam e engolem para que as suas ternuras não se ofendam com a caliça de um cérebro oco. Não tenham pena deste autor, nem dos seus direitos que são oferenda de lautos banquetes e de pagodes da velha ciência para que o alvo a atingir sejam estas linhas de embalagens titânicas. Tudo tentam para me castrar a personalidade que não está à venda, que não se entrega ao acantonamento da sua liberdade. Os olhos podem filmar, mas a razão que os sustenta é um guião que não cabe na memória de todos aqueles que os usurpam. Quero lá saber do que não sei e do que sei saber.    
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado e escrito, directamente, no blogue, em 04 de Julho de 2012, na Biblioteca Nacional, èntre as 13H58 e as 14H31 do dia 04 de Julho de 2012.

MINIATURAS - XII

O EMPOBRECIMENTO DA CULTURA DEVE-SE À CULTURA DO EMPOBRECIMENTO.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado e escrito, directamente, no blogue, em 04 de Julho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 13H50.