Antes que me deformem a prosa, gostaria de esclarecer que não passo de um crítico simplório. Esta presunção de ver, talvez, o que outros, talvez, não vejam, incuba, em mim, uma perspectiva de diálogo com as Artes como se estivesse empoleirado em galhos de vaidade emplumada pelas as araras de Afrodite.
Para a maioria dos olhos e dos ouvidos que se estendem pela planície humana do planeta, terem acesso a qualquer forma de Arte, basta possuirem um computador que esteja ligado à internet ou exercitar o corpo em qualquer outro meio audiovisual. Porém, cá está o porém, ver um quadro ou ver um filme, sem ser ao vivo, não é a mesma coisa do que admirá-los em uma exposição ou em um ecrã de um cinema. Tomemos como exemplo o quadro "O Grito", de Evard Munch. Já o observei várias vezes e, em várias dimensões, mas em nenhuma delas eu pude analisar o poder real dos traços que definem a expressão de desespero do rosto que nos grita, que nos fita e nos desafia com o poder do medo. Falta-nos a visibilidade real da profundidade de campo, de absorver as definições de cor que ganham, certamente, outra vida, ao escorregarmos para dentro do quadro com uma amplitude de olhar que nos permite descobrir a veracidade e os promenores das cores que nos inundam o corpo com a sensibilidade de Munch. Visionar um filme, em casa, não é o mesmo que estarmos no interior de uma sala de cinema onde, sem darmos por isso, entramos, directamente, no filme, como espectadores, como actores secundários e acabarmos por sermos alimentados pelo prazer dos vários sentimentos que, livremente, esvoaçam nos circuitos fechados da nossa frequência cerebral. A crítica varia conforme a realidade em que estamos inseridos. Porém, cá está o porém, e, em minha opinião, uma crítica só é válida quando é feita no verdadeiro ambiente para que a obra foi criada. Tudo o mais são obras de críticas em que a crítica é mal afamada e redigida com a estocada de um florete inapto.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 05 de Maio de 2012, às 13H05.
Escrito, diretamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 05 de Maio de 2012, às 13H50, e, concluída, às 14H34 do dia 05 de Maio de 2012.
sábado, 5 de maio de 2012
CISCOS DIÁRIOS - 05 DE MAIO DE 2012
Saudações cordiais. Para todos os que gostam de sensacionalismos, eis aqui uma notícia que vos revelo em primeiríssima mão: por cada palavra que escrevo, em cada um dos posts, que faço à borla, recebo a idílica quantia de dez mil euros, o que se reflete na construção interminável de cada um deles, visando alcançar o que mais ambiciono: um cruzeiro às Antilhas. Compreendam esta minha perdição, mas um reformado, com a pensão reduzida como a minha, só serve para se sentar num banco qualquer a olhar para o espaço e sentir que as horas que passam, não dão por mim. Como não sou suficientemente sociável, não sei infiltrar-me entre os idosos que despem o seu tempo com uma suecada ou um dominó. Por isso, decidi que esta mente solitária se absorvesse com a leitura de um bom livro, nesta Biblioteca, e, renascendo para a escrita, criasse um novo blogue, para nele despejar o que bem me apetecer, como é o caso desta confissão molecular. Resta-me acrescentar que nesta luta desigual, estou só, mas é facto, não rebatível, que no final de tudo serei eu o vencedor absoluto. Apesar de tudo, ainda acredito que, neste país, a justiça não é injusta. E, agora, felizes com a notícia, espero que todos a boateiem com a descrição da gralha e com a virilidade das palavras acutilantes. Que Deus vos proteja, ó acólitos do diabo!
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Escrito, diretamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 05 de Maio de 2012, às 13H12, e concluído, às 13h36 de 05 de Maio de 2012
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Escrito, diretamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 05 de Maio de 2012, às 13H12, e concluído, às 13h36 de 05 de Maio de 2012
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