terça-feira, 29 de maio de 2012

SUORES FICCIONISTAS - I - HÁ TRINTA E UM ANOS - III

Percorri a estrada poeirenta que me separava da praia da Comporta. Encontrei as minhas amigas sentadas no alpendre do restaurante que se debruçava sobre o mar. Bebiam umas cervejolas para matarem a sede. Beijei-lhes as faces e sentei-me junto delas. Mandei vir uma cerveja. 
- Tiveste dificuldade em cá chegares? - Perguntou-me a Isa.
- Nenhumas. Os transportes foram preciosos na colaboração que me deram. 
- Pronto para montares a tenda? - Quis saber a Gina com um ar meio trocista.
- Claro! - Percebi com clareza as tonalidades provocadoras da Gina. Era a primeira vez que acampava e nunca tinha montado uma tenda. Para não dar parte de fraco, bebi a cerveja, e disse-lhes que estava pronto para o que desse e viesse. 
- O local onde estão acampadas fica longe daqui?
- Não, fica perto donde estamos. - Respondeu-me a Ana, sossegando-me o cansaço que dava muito nas vistas.
Pagámos a cervejas, levantámo-nos e dirigimo-nos para o lugar que elas tinham escolhido para acampar. Ficava junto à praia. Coloquei a mochila na areia e, dela, retirei tudo o que era necessário para montar a tenda.
- Tens a certeza que não precisas de ajuda, Necas? - Perguntou a Isa, percebendo, à vista desarmada, todas dificuldades que iria ter.
- Não, de maneira nenhuma!
Estendi a base na areia, enterrei os pregos com as cordas e levantei o resto da tenda com as varas que a sustinham. O resultado degenerou em trapalhada, pois não havia maneira de a tenda se manter em pé. As minhas amigas riam-se, em silêncio, até que a Isa me perguntou se tinha trazido um martelo e se não era bem melhor que todas me ajudassem. Remoendo as minhas reticências, agradeci-lhes a ajuda, e, como bem depressa percebi, era fácil montar a tenda. Compreendi que a minha inexperiência teria merecido, desde o início, outro tipo de atitude, outra razoabilidade da minha parte, em encarar o facto de que há sempre uma primeira vez para tudo, há que aprender a desnudar a ignorância. Montada a tenda, a Ana, olhando para o relógio, informou-nos que os nossos estômagos careciam de ser alimentados. Nem disso me lembrara quando parti a caminho da praia. Aguardava-me uma surpresa...              
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 29 de Maio de 2012, às 13H49, na Biblioteca Nacional.
Escrito, directamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 29 de Maio de 2012, às 13H50, e, concluído, às 14H37 do dia 29 de Maio de 2012.

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