ZIPS SONOROS - V - "DO YOU BELIEVE IN MAGIC"
Sendo velhote como sou, atravessei já muitas décadas de sons, ouvindo, aprendendo a gostar e a desprezar os que me deleitam e os que não me agradam. Sou o que se pode dizer um filho predilecto dos anos 60, onde tudo aconteceu, nasceu e morreu como as papoilas da mocidade. De entre os muios sons que a década produziu, saboreio sempre que posso, os temas refrescantes dos Lovin´ Spoonful, um dos grupos que mais me marcaram, vocabular e sonoramente. O grupo, reconheço, não tem a estatura musical, por exemplo, de uns Doors ou de uns Byrds, mas souberam reproduzir a muita da frescura que os anos 60 produziram e mataram. A história dos Spoonful é interessante porque se cruza com outro dos grupos que foram importantes, do ponto de vista do seu estilo musical, dos velhos anos 60: os Mama´s and Papa´s.John Sebastian, Zal Yanosvsky, Cass Elliot e Denny Doherty formaram os Mugwumps nos inícios dos anos 60, em Nova Iorque. Mais tarde, em 1965, John Sebastian, Zal Yanovsky, Joe Butler e Steve Boone juntaram-se e formaram os Lovin´Spoonful, enquanto Cass Elliot, Denny Doherty fundaram com John Phillips e a sua mulher Michelle Gillian, os Mama´s and Papa´s. Os Spoonful fixaram residência no famoso clube Nova Iorquino, Night Owl Cafe e, graças a isso, conseguiram um contrato com a Kama Sutra Records, gravando o seu primeiro 7", precisamente, com o tema "Do you Believe in Magic". Reconheço que esta introdução, com toda a certeza, é demasiado longa, só para consagrar um dos temas que melhor definem o som dos Spoonful e o seu compositor John Sebastian: "Do you Believe In Magic". Porém, devo afirmar, peremptoriamente, que acredito ma magia da música, quando a ouço, e dos efeitos que ela pode reproduzir no rejuvesnecimento mental de quem a souber ouvir. Com este tema, os Spoonful provaram-no, sem recorrerem a artifícios ou a romagens aos cemitérios sonoros das decadências militantes. Ouve-se, segue-se e concorda-se com o final da magia saboreada: "Believe In The Magic That Can Set You Free", ou "Do You Believe Like I Believe?".Eu creio, que neste país , nesta hora de urgências, permanentemente adiadas, eu acredito na magia que nos liberta de tudo o que nos acorrenta. Obrigado Sebastian, obrigado Lovin´. É claro, que para a juventude de hoje, o tema é uma banalidade que nada tem a ver com os sons por si consumidos: o Heavy Metal, o Rock, o Techno e os seus variantes, o Hip-Hop, o Rap, os Indies, os descendentes do Grunge, o Kunduro e todo um manancial de rótulos sonoros que servem de escape mental ao stress do seu dia a dia. Para os jovens que se interessam pelas origens de todas estas novas sonoridades, talvez encontrem algumas surpresas durante as suas pesquisas. Por mim, arrisco-me a afirmar que dos actuais sons que conheço, agradam-me os dos Editors, dos Strokes, dos Arcade Fire, dos King of Convenience, dos MGMT ("TIme To Pretend"), das senhoras Amy Macdonald, Lily Allen e Katie Melua e, muito especialmente, Andrew Bird, para além da sedutora e sexy Beth Ditto dos The Gossip, apesar da sua envergadura física. Ouçam-na e vejam-na no "Heavy Cross". Enfim, gostos estão aí para se discutirem e ouvirem. Bons sons.Biblioteca de Oeiras, 10/12/2009 - 14H34 - Lisboa, 11/12/2009 - 15H06 e 15H42. Jorge Brasil Mesquita. Jorge Manuel Brasil Mesquita. Recriado, em 29 de Maio de 2012, na Biblioteca Nacional, às 14H52.
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