segunda-feira, 18 de junho de 2012

CRITICARTE - XII - DINO BUZATTI

Em literatura há escritores que escrevem livros e há livros que escrevem os seus escritores.
O escritor italiano Dino Buzzati (1906 – 1972), nascido em Pellegrino, iniciou o seu trabalho de escrita como jornalista no Corriere della Sera.
Durante a Segunda Grande Guerra é enviado para a Etiópia como correspondente do jornal, o que lhe vai favorecer a concepção e a escrita da sua primeira obra literária, “O Deserto dos Tártaros” que é publicado em 1940.
O epicentro do romance bélico desenrola-se numa fortaleza que se ergue no meio do deserto que faz fronteira com o reino dos Tártaros. A narrativa do romance desenrola-se sob os efeitos psicológicos que se vão criando e adensando como consequência do sequestro da imobilidade do tempo que se arrasta até a um confronto final.
“Pareceu-lhe que a fuga do tempo se tinha detido, como se um encanto se tivesse quebrado. O vórtice dos últimos tempos tornara-se cada vez mais intenso, e agora, subitamente, nada; o mundo estagnara numa inércia horizontal e os relógios avançavam inutilmente. A estrada de Drogo chegara ao fim; ei-lo agora na margem solitária de um mar cinzento e uniforme, e à sua volta nem uma casa nem uma árvore nem um homem, tudo assim desde tempos imemoriais”.
O romance valeu ao escritor reconhecimento internacional e uma adaptação teatral do escritor francês Albert Camus (1913 – 1960).
É um romance para se ir mastigando com a mesma lentidão com que a fome do tempo o engole.
O romance foi publicado pela Cavalo de Ferro.
Jorge Brasil Mesquita

Jorge Manuel Brasil Mesquita
Recriado, em 18 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 13H20.

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