Pertenço ao cantinho dos vultos que estendem a mão ao Futuro, porque o passado os transformou em filhos do medo da vida. São apenas números no arco do triunfo dos endividamentos, santificados pelo ostracismo a que são vetados todos os que não se abrigam nas cavernas dos que sopram os ventos da sua estabilidade, graças à instabilidade dos que professam as magias falsas da salvação quotidiana. Cansei-me das cantigas dos que louvam as louva-a-deus dos mandatos irreflectidos nos espelhos das vaidades individualistas dos que fingem que são, o que não sendo, passam por ser o livre arbítrio das mentiras que cheiram às lixeiras das verdades em que já ninguém acredita, a não ser eles mesmos, agarrados que estão, aos fluídos endividados das suas dúvidas abstractas, defendidas pelos carrapatos das ignorâncias ideológicas e pelas realidades que são o monte Evereste da falência colectiva. Não importa afirmar que não somos o que éramos noutros tempos, importa sim avaliar o que seremos se continuarmos a ser a fundição dos planos, fundidos nas sepulturas da mendicidade colectiva no reino dos reinadiços abstractos. Pouco me importam as vigílias dos cérebros emperdenidos na vigência de um reino simulado. O que se aclama não são realidades, mas abstracções de cérebros conflituosos e de afrontamentos paralisados pela ignorância de uma fragrância luminosa. Quando todos acordarmos para a claridade da nossa sina, saberemos ouvir no fragor de um desmoronamento, o quadro simbólico de um rectângulo ridículo, esfumando-se na espuma da inexistência. Será a água e não o azeite que virá ao de cima. Eis a verdade de uma outra verdade que a verdade não deixará omitir.Sesimbra, 30/12/2009 - 14H16 - Jorge Brasil Mesquita
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Recriado, em 16 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 15H47.
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