segunda-feira, 18 de junho de 2012

UM SONHO QUE ANDA POR AÍ

Eu não sou real. Sou um sonho que anda por aí. Desconheço quem me sonha. Um sonho? Não, uma imensidade de sonhos. Cada um deles pretende preencher o vazio que navega no naufrágio de cada coração que perdeu a navegabilidade da vida que vive. São sonhos sem nomes, sem idades, passados ou futuros. Todos podem ser pescadores e pescarem nos afluentes dos seus rios as combinações das realidades que melhor preeencherem os vazios que anseiam por ser alagados com a fertilidade de serem o que não são. Não pensem em cores, nem em dias ou em noites. Flutuem no universo infinito dos meus sonhos e serão a riqueza humana da beleza com que nos abastece a natureza. Nos meus sonhos não há lugares para a tristeza, nem para a morte dos desejos que sufocam as incapacidades de se libertarem os prazeres que são as receitas prescritas destes sonhos que viajam, sem composturas e sem elegâncias de verbalismos, gastos pelas inconfidencialidades das confidências sem sonhos. Se me virem passar por aí, sorrindo e brincando como uma criança, não se surpreendam, é, apenas, um pássaro que voa, sonhando os sonhos que aprendeu comigo, nos mistérios e nos segredos da embriaguês solar que a todos nos consolará. São sonhos que eu sonho por não ser real. Sou, simplesmente, um sonho que anda por aí.Centro Cultural de Belém e Moinho das Antas em 01 e 02/12/2009
Jorge Brasil Mesquita. Jorge Manuel Brasil Mesquita. Recriado, em 18 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 14H06.

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