Não há chuva que resista às tonterias das palavras rotas. Abro o guarda-chuva e descubro que o Sol é a resistência da noite. Fecho o guarda-chuva e abandono os meus cabelos às gotas da chuva que, embora sejam de água tépida, são pérolas que eu roubo aos descaramentos das nuvens que me perfumam com a linguagem do descrédito. Nesta vida de presunções coloridas, o importante não é a rosa, mas sim as pétalas que a adornam com a placidez do tempo esculpido pelas diatribes das bocas circunspectas. Molhado pela sopa do dia, aprendo, na rigidez muscular dos eventos, a prescrever, a mim próprio, os delírios de nada saber sobre os rigores das tempestades que danam e as bonanças que espumam as raivas adormecidas dos guizos que tilintam nos idílios campestres da levitação prematura. De que falo? De que escrevo? Eis um hábito que nem o monge veste. O tecido é tenebroso e quem o habita abomina os caprichos da natureza humana. São padrões de falácias que se ouvem pelos cantos da boca e que nidificam nas falésias do abstracto, quando, não mesmo, do absurdo. E por falar, em absurdo, eis-me perante a radiosa perspectiva de estes ciscos apresentarem no palco da altivez, as cenas absurdas de nada serem. Ipso facto.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 31 de Maio de 2012, na Biblioteca Nacional, às 17H58.
Escrito, directamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 31 de Maio de 2012, às 17H59, e, concluído, às 18H26 do dia 31 de Maio de 2012.
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