quinta-feira, 31 de maio de 2012

AFLUENTES POEMÁTICOS - XIX - ATIRADIÇA

DESCONHEÇO AS SANDÁLIAS DA POSSE
E O AMOR SEM SEDUÇÃO
QUE NAS RODAS DA SOLIDÃO
É UMA GARGANTA QUE TOSSE
NÃO POR SER IRRITADIÇO,
MAS PORQUE A ASMA DO OLHAR
É UMA AMANTE QUE DÁ SUMIÇO
AO PRAZER DE DESNUDAR.
RECONHEÇO NO DOM DA POSE
AS PARCELAS DA INVENÇÃO
QUE ADORNAM O QUE SE COSE
NO FEITIÇO DO CORAÇÃO,
EMBORA O ÍMAN DA FRESTA
NOS BANQUETES DO TACTO
SEJA O ALGOZ QUE RESTA
À NATUREZA DO FACTO.
E POR MUITO QUE A MARÉ TORÇA
O TÉDIO DO VIL ROMANCE
HÁ SEMPRE A CLARA FORÇA
QUE IMPEDE QUE ELE AVANCE
OU PORQUE O SEU CAROÇO
É UM BALOIÇO SEM PAUSA,
OU PORQUE O SEU PESCOÇO
NÃO TEM REGRAS, NEM CAUSA.
E EIS QUE O TEMPO AVANÇA
E A NOITE SE ESGANIÇA 
NESTE POEMA SEM BONANÇA,
MAS DE TEZ ATIRADIÇA.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 31 de Maio de 2012, às 17H11, na Biblioteca Nacional.
Escrito, directamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 31 de Maio de 2012, às 17H12, e, concluído, às 17H46 do dia 31 de Maio de 2012.

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