terça-feira, 15 de maio de 2012

CISCOS DIÁRIOS - 15 DE MAIO DE 2012

Sou um calafrio de dias póstumos. Os meus pensamentos são riscos diários, soprando as metáforas do olhar que transcendem o limiar do absurdo. Cada passo que dou sob os concertos humanos da cidade, revelam a esfinge deste corpo que partilho com as sombras da idade. Ser-se jovem para não se ser velho é um prazo que se valida ao custo de vida. Sob os mantos do silêncio componho sonatas de Outono que o Verão derrete para não decifrar esta ousadia de escrever desafios à docilidade do tempo que nos costura com os pregões da conformidade inapelável. Por muitas perguntas que crave, neste exílio permanente, à suavidade embrionária dos sorrisos complacentes, não lhes ouço os sussurros lacinantes, nem a musicalidade das lágrimas blasfemas. Os dias são dias, as noites são noites, e nada se ouve no lento deslizar das nuvens que são promessas de vãs fertilidades. Tudo é efémero. E efémero serei eu, nas águas ligeiras de um rio sem fronteiras. A Morte é um cancioneiro de pássaros, perdidos na combustão do tempo. Assim, eu voarei.        
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 15 de Maio de 2012, às 17H46, na Biblioteca Nacional.
Escrito, diretamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 15 de Maio de 2012, às 17H47, e, concluído, às 18H15 do dia 15 de Maio de 2012.

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