Olá amor da minha distância.
Às vezes, sou um moliceiro vogando nas fantasias românticas de memórias aveirenses que se esvaem no bulício das Feiras de Março, lá pelas horas do almoço, entre a última aula da manhã e a primeira aula da tarde, do Liceu de Aveiro. Outras vezes, relembro com um certo rebuliço de saudades, as viagens do Lérias, o cavalo a vapor do Ramal do Vouga, que me largava na Estação de Aveiro, cheinha de barricas de ovos e que assistia à revoada dos pardalitos estudantis que seguiam, a pé, pela Avenida até ao Liceu. Verdadeiras aventuras de delírios adolescentes. Já fui de Aveiro; hoje, não sei bem donde sou. Sou um pardalito sem pouso certo, mas sabem-me bem estes voos inesperados, onde vejo o que não via e onde quero o que não queria. Eis que assim pude observar, neste Centro Cultural, um quadro que muito apreciei: "Daqui Lavei As Minhas Mãos", de um pintor que não conhecia, Nuno Viegas, e de quem me tornei admirador. Como podes imaginar, estou aí e estou aqui. Como moliceiro rego-me de palavras doces, como Lérias, fujo ao tempo e encontro a riqueza das palavras breves que definem os actos que se arrumam nas prateleiras dos sentimentos que devoram distâncias e semeiam as ilusões da vida que é o fogo do momento.
Os sentidos não reconhecem distâncias, mas as distâncias reconhecem nos sentidos, os moliceiros da vida, os Lérias dos carvões em brasa. Somos passageiros sem passagens marcadas nesta viagem de pouca terra, pouca terra. Pouca terra, distância à vista, entre a liberdade de ser moliço e de ser brasa, em brasa. As palavras são o cavalo a vapor do nosso moliceiro.Centro Cultural de Belém, 08/12/2009 - 15H58 - Jorge Brasil Mesquita
Jorge Manuel Brasil MesquitaÀs vezes, sou um moliceiro vogando nas fantasias românticas de memórias aveirenses que se esvaem no bulício das Feiras de Março, lá pelas horas do almoço, entre a última aula da manhã e a primeira aula da tarde, do Liceu de Aveiro. Outras vezes, relembro com um certo rebuliço de saudades, as viagens do Lérias, o cavalo a vapor do Ramal do Vouga, que me largava na Estação de Aveiro, cheinha de barricas de ovos e que assistia à revoada dos pardalitos estudantis que seguiam, a pé, pela Avenida até ao Liceu. Verdadeiras aventuras de delírios adolescentes. Já fui de Aveiro; hoje, não sei bem donde sou. Sou um pardalito sem pouso certo, mas sabem-me bem estes voos inesperados, onde vejo o que não via e onde quero o que não queria. Eis que assim pude observar, neste Centro Cultural, um quadro que muito apreciei: "Daqui Lavei As Minhas Mãos", de um pintor que não conhecia, Nuno Viegas, e de quem me tornei admirador. Como podes imaginar, estou aí e estou aqui. Como moliceiro rego-me de palavras doces, como Lérias, fujo ao tempo e encontro a riqueza das palavras breves que definem os actos que se arrumam nas prateleiras dos sentimentos que devoram distâncias e semeiam as ilusões da vida que é o fogo do momento.
Os sentidos não reconhecem distâncias, mas as distâncias reconhecem nos sentidos, os moliceiros da vida, os Lérias dos carvões em brasa. Somos passageiros sem passagens marcadas nesta viagem de pouca terra, pouca terra. Pouca terra, distância à vista, entre a liberdade de ser moliço e de ser brasa, em brasa. As palavras são o cavalo a vapor do nosso moliceiro.Centro Cultural de Belém, 08/12/2009 - 15H58 - Jorge Brasil Mesquita
Recriado, em 25 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 14H38.
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