quinta-feira, 14 de junho de 2012

CRITICARTE - XI - "GERAÇÃO PERDIDA"

Porquê Aldous Huxley? Por ter escrito “O Admirável Mundo Novo” e correr por aí que se prepara uma adaptação ao cinema? Por ter escrito o ensaio “Doors of Perception”, de cujo título o grupo de Jim Morrison extraiu o seu nome Doors? Não! Por ser um romancista pensador, cuja visão sagaz e implacável do mundo do tempo em que vivia, se encontram nos seus romances pela via da ironia, da truculência e da imperturbável lucidez com que analisava os mais prementes problemas dos seus dias.
Aldous Huxley ( 1894 – 1963 ) nasceu em Goldalming, Inglaterra. Estudou na Escola de Eton, onde lhe surgiram problemas de visão, formou-se na Universidade de Oxford, onde se tornou amigo do filósofo Bertrand Russel e do escritor D. H. Lawrence. Em 1937, mudou-se para Los Angeles, EUA e em 1938 tornou-se num dos mais importantes roteiristas de Hollywood.
Entre os muitos romances que escreveu, encontra-se o livro “Geração Perdida”, escrito em 1923. O romance aborda o extremo negativismo que se vivia em Inglaterra na pós Primeira Grande Guerra e onde circulam personagens que se interessam por tudo como uma forma de não se envolverem em nada. Huxley usa a linguagem do desprezo e da raiva por todos quantos se mostravam vazios de ideais, mas que se aplicavam numa frenética fúria de viver. Sem se deixar absorver pelas farsas da sociedade que o rodeava, preconizou com coragem a extirpação dos não valores.
“Lancing expunha às visitas todos os segredos. À sua palavra abria-se um vasto mundo incrível e fantástico. Havia trópicos, havia mares frios cheios de seres vivos, florestas povoadas de árvores medonhas e de silêncio e treva. Havia fermentos e venenos infinitésimos que flutuavam no ar. Havia Leviatãs amamentando os filhotes, havia moscas e vermes, havia homens que viviam em cidades, pensavam, conheciam o bem e o mal. Estavam todos vivos. Homens e mulheres deixavam de ser eles próprios ou lutavam por continuar a sê-lo. Morriam ou lutavam para viver”.
“Geração Perdida”, um livro que, talvez, não esteja muito longe da nossa actualidade.
Jorge Brasil Mesquita

Jorge Manuel Brasil Mesquita
Recriado, em 14 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 13H53.

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