Os diabitos rubros com os rabinhos dourados, ao aperceberem-se de que havia um veículo estacionado na auto-estrada 999 e que o seu ocupante auscultava o horizonte, regressaram aos meus olhos e eles regressaram à sua cor original: o azulado marítimo. Ao aproximar-me, reconheci o ocupante do veículo. Era Rick Deckard, o famoso caçador de replicantes.
- Andas à caça, Deckard?
- Não, vigio-me a mim próprio.
- Sentes medo, ou julgas-te replicante?
- Nem uma coisa, nem outra. Não gosto da Morte.
- Julgava que um caçador não pensava, só caçava.
- Penso, quando sou obrigado a pensar.
- E será que os replicantes não pensam e gostam do sabor da Morte?
- Não sei, não sou pago para pensar.
- Pensa como um replicante.
- Não me ensinaram a pensar pelos outros.
Dito isto, Deckard, entrou no veículo e partiu em direcção ao Poente, onde as neblinas do Rato e os Homens se cruzavam em Festins Nus.
Mal, Deckard, partiu, os meus olhos regressaram ao rubro e, deles, saltaram os diabitos de rabinhos dourados que, felizes, fizeram os skates voar, sempre, em direcção ao Norte e, eu, para os não assustar, levei a harmónica aos lábios e deliciei-os com esse maravilhoso blues "Dust My Broom".
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 30 de Maio de 2012, às 14H14, na Biblioteca Nacional.
Escrito, directamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 30 de Maio de 2012, às 14H15, e, concluído, às 14H48 do dia 30 de Maio de 2012.
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