Quem sou eu nesta terra de ninguém? Não sei. Ulysses a caminho de Ítaca, não sou. Não sei. Nem Kant me alivia a Razão. Alguém me espera nos cantos do amor? "Never More", diz-me o Corvo curvado sobre a minha falta de identidade humana. Que culpa se gera no ômega da indiferença? Não sei. Não sou réu da vida que se debruça sobre o vento e que apalpa as palavras do pensamento. Serei o desejo da noite mais obscura? Não sei. Sou demoníaco na lavra da mensagem, mas austero na impertinência da coragem. Que desespêro é este que refulge na balança dos justos? Não sei. A espada da eternidade pende sobre a cabeça do fogo e os dedos de veneno saudável revolvem-se como serpentes de uma vingança que desconheço, mas Medusa não sou. Serei a esfinge de uma demagogia simplória abraçando a ditadura democrática que me asfixia? Não sei. Desconheço a farsa que me modela a razão, mas não me disfarço perante os demagogos a quem os hábitos do monge se perfilham como a clorofila das suas agonias mordazes. Quem sou nestas gerações de beat claustrofóbico? Não sei. Murmuro, assobio, e pergunto ao país, mas o verso nada me diz. Não sei, mas sei que não sei.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 21 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 13H44.
Escrito, directamente, no blogue, no dia 21 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 13H45, e, concluído, às 14H17 do dia 21 de Junho de 2012.
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