sexta-feira, 22 de junho de 2012

CRITICARTE - XIV - "O VELHO E O MAR"

De que nos serve a natureza, quando a natureza humana não a sabe respeitar, ao entrar em confronto com ela? Porém, há confrontos onde prevalece o respeito mútuo, em que este se pode transformar num acto poético de beleza salgada, quando o mar é disso testemunha.
O escritor Ernest Hemingway nasceu, em 21 de Julho de 1899, em Ilinóis, EUA. Exerceu a actividade de jornalista e correspondente de guerra, tendo participado na Primeira Grande Guerra (1914 – 1918), onde foi gravemente ferido na frente italiana, em 1918. Fixou residência em Paris, entre 1921 e 1928, aproveitando a estadia para conhecer grande parte da Europa Ocidental e do Leste. Participa, igualmente, na Guerra Civil de Espanha, ao lado dos Republicanos, entre 1936 e 1939 e na Segunda Grande Guerra, entre 1939 e 1945. Recebe os prémios Pulitzer, em 1953 e o prémio Nobel, em 1954.
Em 1952, o escritor escreve uma das suas mais belas obras “O Velho e o Mar.”
O escritor português Jorge de Sena (1919 – 1978), escreveu no prefácio da tradução que fez do “O Velho e o Mar” que se está perante “um poema em prosa, uma epopeia de simples trama singularmente narrada. Um breviário nobilíssimo da dignidade humana escrita com a mais requintada das artes. Poucas vezes, no nosso tempo, terá sido concebida e realizada uma obra tão pura, em que a natureza e a humanidade sejam, frente a frente, tão verdade.”
Matar sem consciência o que é do domínio da natureza, será o mesmo do que ter consciência de que se matou, sabendo a razão porque se o fez, respeitando quem se mata? A natureza como uma metáfora.
“Não mataste o peixe só para viver e vendê-lo para ser comido. Mataste-o por amor-próprio e porque és um pescador. Amáva-lo quando estava vivo, e ama-lo depois de morto. Se o amas não é pecado matá-lo. Ou será mais?
- Tu pensas demais, velhote – disse em voz alta.
“Mas gozaste com a morte do dentudo, pensou. Vive de peixe como tu. Não é dos que andam aos restos, nem um apetite ambulante como alguns tubarões são. É belo e nobre e não conhece o medo…Pescar mata-me, exactamente, como me mantém vivo…Não devo iludir-me mais.”
Com imensas obras publicadas, Hemingway suicidou-se com um tiro de caçadeira, em Julho de 1961, aos 62 anos, na sua propriedade de Sun Valley, Idaho, EUA, ao tomar conhecimento de que tinha um cancro.
Jorge Brasil Mesquita

Jorge Manuel Brasil Mesquita
Recriado, em 22 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 14H15.

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