No quadro da teatralidade humana, será possível que, nos movimentos das ondulações diárias, todos usemos as máscaras com que representamos os papeis que nos cabem na funcionalidade da consciência universal? Por muito que as dúvidas me assaltem, acredito que a grande maioria as use para falsificar os dados sensíveis das suas fragilidades diárias e dos seus mecanismos de natureza hostil que, a todo o custo, pretendem disfarçar para melhor alcançarem os objectivos a que se propõem. As máscaras são a representação do profano, na religiosidade imaculada da sensaboria. São a consciência ou a insconsciência que comandam à distância, ou, em valores de proximidade, o uso indiscriminado das máscaras que disfarçam o uso dos sentimentos sem sentido, o poder de se esconder a realidade com as tragédias, as comédias, as farsas que modelam os rostos com a apropriação das suas manifestações de prazer ou dor. O fingimento é uma característica humana, uma simbiose entre o que se deseja e o que se possui, uma alternativa de equilibrios e desequilibrios que arredondam o colorido das máscaras e o sufrágio da sua utilidade nas brochuras do dia a dia. Quem domina a fórmula das máscaras que alimentam a cadência humana de se ser o que não se pode ser? O palco da fantasia colectiva é a ocupação dos tempos absurdos, para os quais cada máscara é uma tradição secular, nas florestas mutiladas pelo tempo, onde cada sonho definha entre os braços enlutados da viagem diária ao mundo de se ser. Para que se usa uma máscara, senão para se ser máscara, para se ser o que não se pode ser, na teatralidade humana do inconsciente.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 02 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 14H13.
Escrito, directamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 02 de Junho de 2012, às 14H13, e, concluído, às 15H00 do dia 02 de Junho de 2012.
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