quinta-feira, 24 de maio de 2012

KORA

 Kora é nome de um instrumento ancestral e tradicional da África Ocidental. Segundo reza a lenda a Kora é associada aos Jinns (génios), cujos espíritos se embebedam perigosamente com os sons da Kora. A lenda conta que o primeiro instrumentista da Kora foi um Jinn, que a tocava, escondido num buraco invisível do solo. Um caçador que se embrenhou na floresta, ficou fascinado com aquele som que não conseguiu localizar. Porém, ao decifrar uma adivinha escrita no solo, o caçador aproveitando uma forte ventania, lançou uma rede na direcção do som que ouvia; o Jenni fugiu e o caçador, ao puxar a rede, descobriu que ela continha uma Kora.
As origens da Kora, segundo tradições orais, situam-se no reino de Sunjata Keita que fundou o Império do Mali, em 1235, embora contrariadas por outras vozes que as datam no começo do ano 1800. Todos os Jelis (nome Maliano atribuído aos tocadores da Kora) alinham pelo mesmo diapasão quanto à localização do seu uso inicial: o reino de Kaabu (actual Guiné-Bissau). Na Gambia, Jalis é o nome atribuído aos tocadores da Kora e, segundo a tradição, o primeiro Jali a tocar a Kora, foi Jali Madi Wuleng.
A Kora é um instrumento fabricado manualmente, sendo composta pela metade simétrica de uma cabaça (miirango), cuja origem se situa em várias regiões da savana africana ocidental e em cujo corpo se abrem dois orifícios por onde passará um braço ou pescoço feito de pau-rosa, incorporado com 21 cordas (Konso) que provinham da pele do antílope, sendo, posteriormente, substituídas pelo nylon das canas de pesca, como consequência do quase desaparecimento do antílope, por volta do ano 1950.
As primeiras gravações conhecidas com a Kora datam de 1930, mas, apenas, em 1980, o instrumento conheceu uma grande expansão fora de África, graças aos músicos da Guiné, Mory Kanté e Jali Moussa Diawara, da Gambia, Foday Musa Suso, Dembo Konté e Kausu Kouyate e do Mali, Toumani Diabaté.
Como se depreenderá, este texto, apenas pretendeu resumir, em poucas palavras, toda uma longa história tradicional da Kora. As fontes de que eu fiz uso, pertencem à revista “Songlines” de 2001 e ao primeiro volume do livro “World Music”.
Como final feliz, recomendo, vivamente, dois CDs com dois dos maiores expoentes da Kora: “New Ancient Strings” de 1999, com o duo Toumani Diabate e Ballaké Sissoko e “Deli”, de Ballaké Sissoko, de 2000.

Oeiras, 17/10/2009 – Jorge Brasil Mesquita
mOINHO DAS aNTAS, 10/01/2010 - JORGE BRASIL MESQUITA - 14h17

Jorge Manuel Brasil Mesquita
Recriado, em 24 de Maio de 2012, na Biblioteca Nacional, às 18H22. 

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