Delírios de uma criação culinária que dá desgosto, ao gosto.
Desde já aviso que não me comprometo com o olfacto do desgosto, nem com o gosto do desgosto.
Esta primeira receita é de uma simplicidade tal que fará inveja aos palatos e às papilas gostativas das promoções visuais que assombram os enfeites das mesas dos marajás.
Primeiro, escolher uma bela tigela de sopa. Com ornamentos e abençoada pelas pupilas da neutralidade. Na sequência lógica do que foi descrito, uma das mãos apropria-se de uma colher de sopa, enquanto, a outra, rapta o galheteiro do azeite. Esta última, enche a colher com azeite e despeja-a na tigela. Acabada a operação, esquarteja-se dois dentes de alho e mergulha-os na tigela. Com o prazer de um cozinheiro afamado, junta-se, ao descrito, umas pitadas de pimenta. Segue-se, para alegria dos dedos, a operação principal: esfiar metade de uma posta alta de bacalhau para o interior da tigela. A fase seguinte é facílima. corta-se meio limão e meia laranja, espremem-se ambos e os respectivos sumos vão alagar o conteúdo da tigela. Com a mesma colher de sopa, bate-se a mistela como se estivesse a bater claras. Logo que tudo esteja bem misturado, abre-se uma cerveja branca e uma sete up, misturando-se os dois líquidos, em partes iguais, em um copo de bela altivez. Depois, o apetite, pela coisa, faz o resto. É uma delícia. Não falha. Come-se e chora-se por mais.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, no dia 28 de Abril de 2012
Escrito, diretamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 03 de Maio de 2012, entre as 13H55 e as 14H18
Sem comentários:
Enviar um comentário