segunda-feira, 14 de maio de 2012

CISCOS DIÁRIOS - 14 DE MAIO DE 2012

Reconheço que as cenouras vitaminam os olhos. Os olhos são canas-de-pesca nas cenouras verbais dos tempos rurais. Esta metáfora, não é uma metáfora, é uma cábula que escrevi em tempos de memórias curtas. Os meus olhos são ecrãs de imagens fluentes que estimulam as aves corredoras de um tempo que já não se vive. Há este cansaço da escrita que me fita, tão aflita, que nem eu sei o que a medita, se é desdita, se uma complexa fita que me mede a mitologia restrita de cenários que interpreto sem que actor seja, porque no palco da ilusões sou o mordomo das fantasias que ninguém desenha nos bolsos dos seus cantos. Sou vendaval de perguntas pessoais e um temporal de respostas universais com que decoro os limbos das cortesias fatais. Desconheço em que vale de sombras sou a sombra que se assusta consigo própria. Nem cenoura, nem isco, mas carne que sangra as vitaminas do seu petisco. Em nada mais sou Presente. Passado, Futuro, quem sabe? A ausência ou a urgência de tudo ser, em linhas por saber. Eis-me vitaminado, cenoura, ou não. Sou o débito do seu crédito.   
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 14 de Maio de 2012, na Biblioteca Nacional, às 15H56.
Escrito, diretamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 14 de Maio de 2012, às 15H57, e, concluído, às 16H28 de 14 de Maio de 2012.

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