segunda-feira, 4 de março de 2013

AFLUENTES POEMÁTICOS - XXIX - NESTE BALDIO QUE SOU

Neste baldio que sou
sou o antes de tudo e o depois de nada,
sendo raro onde estou
e, pleno, em uma conversa, fustigada
pelo o olhar da ausência,
pela boca de uma carência
que veste a nudez
de uma venenosa mudez,
com epitáfios de surdez.
Neste vício que morde
a dureza de uma inocência,
há um breve acorde
que socorre a insolvência
e devolve à aparência
a natureza de um fiorde,
precipício de sons,
baldio fresco de tons
que dedos de tudo
e dentes de nada
revestem o corpo ossudo.
São conversas de esplanada,
ouvidos que tudo ouvem
em sentidos que nada sentem.
Neste baldio em que vivo
a desordem é um sorriso
e, o silêncio, o cativo
que é um ponto que piso
ao amanhecer que anoitece
e à noite que entontece
este baldio que sou
sem saber onde estou,
passando por passar,
vagando, sem vagar.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Escrito e postado, diretamente, no blogue, em 04 de Março de 2013, na Biblioteca Nacional, entre as 15H13 e as 15H49.

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