terça-feira, 22 de janeiro de 2013

DIÁRIOS - III

Nestes diários de pássaros diluvianos pergunto à interrogação que me transcreve as edições dos meus estados de alma que lamaçal é este em que, estulticiamente, me escondem nas prateleiras do sabiá. Vá lá saber-se o que eles são...A paciência que me atola os sentidos, desdobra-se em fornadas de tumultos interiores que são de difícil diagnóstico. Não me envaideço por nada deste mundo, onde os pássaros esvoaçam em encantamentos que só um deslumbramento de um voo picado arrefece o ânimo de uma escrita que vai para além do que é um factor normalizado nas gargantas de um digitalismo feroz que afoga em artes de insignificância o prazer de um gosto, limpo de preces inúteis. Se tenho asas, pouco importa. Abraço os desejos da longevidade na superficialidade da distância que tenho que percorrer para que a liberdade que me sustenta o olhar seja a noite lunar que me sossega os tormentos de uma imbecilidade que paira sobre a arte falsa de lábios parasitas. Desgostam-me parêntisis de borras decadentes que, de um modo altivo, se encadeiam com os romanceiros da criolina decadente. Ambiciono o que a ambição não ambiciona. Vagueio, por entre as esterias da solidão, complacente com as raivinhas de um estômago que, sem defesas, absorve os sumos ideais de ser a mestria de uma Humanidade que respira a serenidade de um poente admirável. Voo, pássaro livre, por entre horizontes de fragilidades, endurecidas com o aço da experiência. Construo caracois de células solares e restauro o princípio básico de ser o que o futuro será.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Biblioteca Nacional, 22 de Janeiro de 2013, entre as 14H14 e as 14H45

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