quarta-feira, 23 de maio de 2012

CISCOS DIÁRIOS - 23 DE MAIO DE 2012

Dia após dia, cresço por fora e diminuo por dentro. O cerco das palavras, que era intenso e denso nas galochas dos meus espaços interiores, vai-se relaxando e, eu, sem querer, vou-me perdendo nos labirintos do seu bosque que, embora frondoso, se vai cerrando, encerrando-me na catástrofe dos seus limites. A memória dos seus trilhos infatigáveis vão sendo riscados, pouco a pouco, pela cegueira incrédula deste envelhecer que modela o equilíbrio da espontaneidade com as mãos calosas do inverno que não perdoa os afectos do seu tempo. Amigo destes colapsos diários, abraço tudo o que posso com esse desejo, quasi fanático, de nada perder à visibilidade do meu quotidiano. O espantalho dos seus campos mitigados assustam-se com a impertinência da minha frontalidade ante o desespero da sua inutilidade. Esta é a luta diária do meu cérebro que, nas espigas da criação, floresce, por inteiro, nas rotas do seu futuro precário. Sou a tempestade da bonança na caverna da esperança, esse saber de não ser, sendo, tudo o que se pesa na balança da boa temperança. 
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 23 de Maio de 2012, às 13H35, na Biblioteca Nacional.
Escrito, directamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 23 de Maio, às 13H36, e, concluído, às 14H24 do dia 23 de Maio de 2012.

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