1981. Finais de Julho. Saí cedo de casa, transportando às costas uma mochila com tudo o que era necessário para acampar. Despedi-me dos meus pais, rumei à estação de comboios e apanhei o primeiro que passou, até ao Cais do Sodré. Depois, apanhei o ferry-boat para Cacilhas, e, quasi sem respirar, apanhei o autocarro para Setúbal. Da estação de camionagem, já, em Setúbal, apontei os meus passos para o terminal dos ferry-boats, um dos quais me levou até Troia. Deliciei-me com a vista, enquanto os meus pensamentos se reuniam à volta de uma fogueira, contemplando o silêncio, e mascando as delícias de um céu estrelado que, aos meus olhos, se assemelhavam a um manjar de deuses. Sentia no corpo essa ansiedade juvenil da descoberta do novo, da experiência que se prova, pela primeira vez, e se goza, de antecipação, o consumo extasiado de um dos sumos da vida. Vibrei com as brincadeiras dos golfinhos e, neles vi, a poesia da natureza. Finalmente, cheguei a Tróia. Abandonei o ferry. Descalcei as sapatilhas. Os pés estavam inchados, desejando ardentemente sentir a doce suavidade do ar livre. Apanhei o autocarro que me levaria ao meu destino: a praia da Comporta, aonde me iria encontrar com três amigas, a Isa, a Gina e a Ana. Desci, mesmo junto à estrada que me levaria à praia, ao ponto de encontro. O coração vibrava, os pensamentos enrolavam-se como uma vulgar onda do mar.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 09 de Maio de 2012, às 14H34.
Escrito, diretamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 09 de Maio de 2012, às 14H35 e, concluído, às 15H10 do dia 09 de Maio de 2012.
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