Será um escritor um redactor de palavras que nos reinventa em passagens que todos reconhecemos nos filtros do tempo ou será um bálsamo que nos denuncia o cume das profundezas humanas, onde há existências que desconhecem as vidas que vivem?
O escritor mexicano Juan Rulfo (1918 – 1986), escreveu em 1959 a obra “Pedro Páramo”, cujo enredo se desenrola numa pequena aldeia do interior do México, onde os habitantes que a habitam, sobrevivem à morte aparente dos seus destinos, entre as portas que escondem o real ou o fantástico.
“Entreabre os olhos. Vê através dos cabelos uma sombra no tecto com a cabeça em cima do seu rosto. E em frente a figura embaçada, por detrás da chama das suas pestanas. Uma luz difusa, uma luz no lugar do coração, em forma de coração pequeno que palpita como chama pestanejante. – Está a morrer de pena o teu coração – pensa – já sei que vens dizer-me que Florêncio morreu, mas isso já eu sei. Não te aflijas com os outros, não te preocupes comigo. Eu tenho guardada a minha dor num lugar seguro. Não deixes que se apague o coração.”
Carlos Fuentes, outro grande escritor mexicano, afirmou que “a arte de Juan Rulfo exprime-se tão profundamente através da transfiguração mítica das suas personagens que esta acaba por incorporar a temática do campo e da revolução mexicana num contexto universal.”
“Pedro Páramo” não deixa de ser um cenário minimalista da globalização humana.Oeiras – 07/10/2009 – Jorge Brasil Mesquita
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Recriado, em 28 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 13H36.
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