sexta-feira, 18 de maio de 2012

HARMONICA BLUES - I

Sentei-me à berma da estrada universal. Olhei para Norte e o seu horizonte era cruzado pelas pérolas de bilro. Olhei para Sul e o meu olhar foi cruzado pelas variações das mil e uma noites. Retirei das minhas calças de veludo negro uma harmónica, toda em azul marinho, que encontrei no templo das criações, O Crossroad, bati com ela em uma das minhas pernas e, levando-a aos lábios, entoei um blues coroado de riquezas harmónicas. Os meus olhos transformaram-se em dois pontos rubros de onde saltaram dois diabitos vermelhos com a curiosidade de terem os rabitos dourados. As suas mãos seguravam dois skates de cor negra com arabescos dourados. Saltaram para cima deles e, ao mesmo tempo que executavam um conjunto de mariposas sedutoras, pintaram a manta ao Touro Sentado que, sentado na elegância do cosmos, observava com toda a atenção as notas - sinais de fumo - que se escapuliam da minha harmónica e, inspirado pelo espírito de Manitu, decifrou-as e deu início aos rituais de uma maravilhosa dança da chuva. 
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 18 de Maio de 2012, na Estação de Picoas do Metropolitano de Lisboa, às 11H30.
Escrito, directamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 18 de Maio de 2012, às 12H35, e, concluído, às 13H00 do dia 18 de Maio de 2012.

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