sexta-feira, 18 de maio de 2012

CISCOS DIÁRIOS - 18 DE MAIO DE 2012

Cheiro ao suor tépido das avenidas gordurosas. Transporto, no dorso levemente dobrado e entorpecido, a saturação complexa dos pontos de exclamação que traduzem o ponto de rotura de um cérebro, ébrio e sonolento, que se estilhaça em fragmentos de várias estirpes. Cada estirpe é um modelo dessas ambições que se vendem ao desbarato na gordura das negociações. A vida é um complexo habitáculo de suores que se transpiram nos trampolins da discórdia. A concórdia é o desejo fatal da renúncia ao cinismo patibular. Modera-se o tempêro para se evitar a natureza picante do oxigénio poluído. A discórdia pode ser a concórdia do despique que se agride. A deontologia da vida, que se arrisca na pose diária do conformismo, é esse confronto entre o pacifismo da alma e o rudimentarismo do flagedor das inércias. Tudo se evita para nada se evitar. O suor que transpiro é o cheiro da fragrância onde nidifica a vingança dos que se limitam a pavonear-se na gordura bafienta dos Peeping Tom, esse prazer que se desfruta em nome de uma malfeitoria. Este tempo de desperdício em que se esfarela a gordura dos suores frios, é uma avenida de insensibilidade portuária. Conhece-se a existência do porto, desconhecendo-se quem a ele se atraca. A vida é uma gordura de suores, sem vida.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 18 de Maiode 2012, na Biblioteca Nacional, às 14H57.
Escrito, directamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 18 de Maio de 2012, às 14H58, e, concluído, às 15H41 de 18 de Maio de 2012.

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