sábado, 5 de maio de 2012

CRITICARTE - I - DIVAGAÇÃO CRÍTICA

Antes que me deformem a prosa, gostaria de esclarecer que não passo de um crítico simplório. Esta presunção de ver, talvez, o que outros, talvez, não vejam, incuba, em mim, uma perspectiva de diálogo com as Artes como se estivesse empoleirado em galhos de vaidade emplumada pelas as araras de Afrodite. 
Para a maioria dos olhos e dos ouvidos que se estendem pela planície humana do planeta, terem acesso a qualquer forma de Arte, basta possuirem um computador que esteja ligado à internet ou exercitar o corpo em qualquer outro meio audiovisual. Porém, cá está o porém, ver um quadro ou ver um filme, sem ser ao vivo, não é a mesma coisa do que admirá-los em uma exposição ou em um ecrã de um cinema. Tomemos como exemplo o quadro "O Grito", de Evard Munch. Já o observei várias vezes e, em várias dimensões, mas em nenhuma delas eu pude analisar o poder real dos traços que definem a expressão de desespero do rosto que nos grita, que nos fita e nos desafia com o poder do medo. Falta-nos a visibilidade real da profundidade de campo, de absorver as definições de cor que ganham, certamente, outra vida, ao escorregarmos para dentro do quadro com uma amplitude de olhar que nos permite descobrir a veracidade e os promenores das cores que nos inundam o corpo com a sensibilidade de Munch. Visionar um filme, em casa, não é o mesmo que estarmos no interior de uma sala de cinema onde, sem darmos por isso, entramos, directamente, no filme, como espectadores, como actores secundários e acabarmos por sermos alimentados pelo prazer dos vários sentimentos que, livremente, esvoaçam nos circuitos fechados da nossa frequência cerebral. A crítica varia conforme a realidade em que estamos inseridos. Porém, cá está o porém, e, em minha opinião, uma crítica só é válida quando é feita no verdadeiro ambiente para que a obra foi criada. Tudo o mais são obras de críticas em que a crítica é mal afamada e redigida com a estocada de um florete inapto.     
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 05 de Maio de 2012, às 13H05.
Escrito, diretamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 05 de Maio de 2012, às 13H50, e, concluída, às 14H34 do dia 05 de Maio de 2012.

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