As cotoveladas que sofro na vida assemelham-se a um baloiço de almas desvalidas. Sinto o eco das suas passadas nas fronteiras do meu espelho mental que refletem as harmonias de caprichos inúteis. Tempos houve em que o Mito de Sisifo se aplicava às regras dos que pretendiam moldar as chaves dos meus conteúdos ilusórios. Nestes processos de abcessos alheios avistei, constantemente, a saga das abelhas sem colmeia. Picam ao acaso e poisam onde tudo é volúvel. São traças de veludos pesados que rasgam sem a sensibilidade das tainhas vogando ao sabor da corrente. Pescam o que precioso lhes parece e, na hora da tosquia, verbalizam o irracionalismo dos dementes. A Nausea saliva-me as horas do poente, enquanto navego, solitário, pelo doce remanço da imaginação fértil, lambendo às labaredas de um amor vago a tranquilidade do meu silêncio nos ruídos ávidos da vida que vagueia e desfalece na aposentação dos seus remorsos itálicos. Sentado na gávea dos meus sonhos, observo a invisibilidade de tudo o quanto me rodeia, e descubro na palidez do horizonte a rota dos teus cabelo sedosos e nocturnos. Afago-os com um gesto meigo e deslumbro-me com o feitiço da tua languidez perpétua. Sabes, sou esse teu desejo de me saberes balouçando na réstea pacifica desta ilha que sou. Rodeado de silêncio por todos os lados, grávido de ternura e de sensualidade. Eis-me, só, na Ilha dos Amores.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, em 16 de Maio de 2012, na Biblioteca Nacional, às 14H56
Escrito, directamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 16 de Maio de 2012, às 14H57, e, concluído, às 15h33 do dia 16 de Maio de 2012.
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