terça-feira, 8 de maio de 2012

CISCOS DIÁRIOS - 08 DE MAIO DE 2012

A vida é um nevoeiro que nos embacia o olhar. Distorce os contornos da realidade, afugenta a limpidez da claridade e oculta-nos as saudades da nossa saudade. As vozes que ouvimos são uma miscelânea curiosa de coros perdidos nos afluentes desse grande rio, que todos conhecem, que todos esquecem, nas águas revoltas do seu movimento perpétuo. O rio, a vida, o nevoeiro, todos se cruzam numa infinita cruzada de inconformismos silenciosos, de dores que são o parto de partidas irreparáveis e de chegadas aos conflitos que perduram para além de todos os mistérios. O mistério do nevoeiro, é o nevoeiro do mistério da vida. Este nevoeiro luta contra si próprio nessa pesquisa intensa de uma memória sagrada que conserva, entre as suas veias, o sangue vivificador da plenitude corporal, das fugas que iludem e que se iludem com os testamentos de uma imortalidade, cansada de ser inventada pelos ritmos da ancestralidade, escondida no nevoeiro das noites para nos ilibarem o prazer de viver. O nevoeiro é esta vida de não ser. Uma pulsão dramática no palco do efémero. 
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Criado, no dia 08 de Maio de 2012, às 15H13.
Escrito, diretamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 08 de Maio de 2012, às 15H14, e, concluído, às 15H47 do dia 08 de Maio de 2012.

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