sexta-feira, 4 de maio de 2012

CISCOS DIÁRIOS - 04 DE MAIO DE 2012

Escrever o que se sente, quando não se sente, não é fácil. A facilidade é o mesmo que o consumo diário das aparências puritanas. A dificuldade não está na sede das realidades, mas no copo que a mata com os líquidos que se ingerem. A vida pode ser um prazer enlutado, mas o fumo que não se usa, apressa-nos o esquecimento e reduz-nos a memória à natureza de factos que nos enriquecem ou nos empobrecem as capacidades de sermos o que, verdadeiramente, somos. Não me visto com a influência da moda, mas a moda veste-me o olhar com a riqueza dos seus pormenores. Palmilho avenidas e ruas como qualquer passageiro mundano e perco-me, nos transportes públicos, com toda a diversidade de belezas que me ofuscam o olhar, descobrindo, com encanto, que sou tão humano como essa Humanidade que muitos desejam abraçar desconhecendo que a habitam. Escondo-a nos bolsos das calças, não para a esquecer, mas para lhe sentir o tilintar da sua harmonia. Mal cai a noite, vagueio, sombra de mim mesmo, fugindo à boca do tempo, e adormeço entre lençóis de sonhos que me ensinam a arte do deslumbramento quotidiano. Escrever é isto, não mais do que isso, isso, a palavra doméstica 
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Escrito, diretamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 04 de Maio de 2012, às 17H41, e, concluído, às 18H05 do dia 04 de Maio de 2012. 

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