Sei de uma canção
que lavra o amor
sem a dor de Sansão
e a fava do fervor.
Tem brasas no olhar
e gelo na paixão
são borras de amar
em honras de sertão.
E quem se escuda
na garganta muda,
ou sofre de pranto,
ou morre de espanto
nos sonhos da beleza,
porque quem se canta
do pó se levanta
e ao fogo remata
a febre que mata
o fulgor da tristeza.
Sei de uma amante
que ama o amor
da fome distante,
da noite sem dor
e da salsa morna
que acorda quente
quem o frio adorna
na boca do poente.
E quem se derrete
acende o ferrete
às lavas do ciúme
nas asas do lume
que voam prá lá do vento
sem olhos de noite,
e quem as acoite
em lençóis de drama
e sonhos que a cama
grita ao doce alento.
cantei por cantar
o medo que fala
sem fugir ao mar
que, terno, embala
a canoa que canta
o fogo da calma
que, no corpo, planta
o siso da alma.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Escrito, diretamente, no blogue, na Biblioteca Nacional, no dia 26 de Abril de 2012, às 13H43, continuado, às 16H52 e, às 18H07 e concluído, às 15h03 do dia 27 de Abril de 2012
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